TRABALHO EXTENUANTE
A PRÁTICA DO ATENDIMENTO REMOTO POR PSICÓLOGAS E AS IMPLICAÇÕES NAS RELAÇÕES DE GÊNERO E TEMPO
Resumo
Este artigo propõe investigar as complexidades e as múltiplas implicações do trabalho remoto no âmbito da prática profissional, nas mediações do tempo e subjetividades de psicólogas. A pesquisa, baseada nas experiências relatadas por dez psicólogas, revela que, embora o atendimento mediado por tecnologias digitais seja percebido como um formato eficaz, ele paradoxalmente impõe custos mentais elevados, exacerbando a sobrecarga das profissionais entrevistadas. A disseminada premissa da flexibilidade por vezes, se traduz em uma expectativa de disponibilidade constante, dificultando a mediação entre os tempos sociais. As narrativas das participantes destacam a tensão entre a autonomia e a pressão por produtividade. Esse cenário reflete e intensifica as desigualdades sociais e de gênero presentes na prática remota. Assim, o estudo conclui que o atendimento remoto não é apenas uma mudança técnica no fazer profissional, mas uma reconfiguração significativa que exige uma reflexão crítica urgente sobre as condições de trabalho e a própria formação profissional na área.
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