DISTOPIA DO TRABALHO
“RUPTURA” (SEVERANCE) COMO REPRESENTAÇÃO DA ALIENAÇÃO E DA FLEXIBILIZAÇÃO NO CAPITALISMO NEOLIBERAL
Resumo
Este ensaio propõe uma análise sociológica da série Ruptura (Severance), explorando como sua narrativa distópica alegoriza a alienação e a flexibilização do trabalho no capitalismo neoliberal contemporâneo. O objetivo é traçar paralelos entre as dinâmicas laborais vivenciadas pelos personagens da série e a precarização do trabalho e da vida corporativa que caracteriza a realidade do trabalhador atual. Reconhecemos o audiovisual como um produto cultural intrínseco ao nosso tempo, capaz de expressar críticas sociais agudas por meio de sua estética. Para fundamentar essa leitura, ressaltamos as perspectivas de clássicos da Sociologia, como Karl Marx e Max Weber, cujas abordagens sobre o trabalho, o capitalismo e a alienação fornecem lentes essenciais para compreender as transformações nas sociedades modernas. Complementarmente, incorporamos as reflexões de Luc Boltanski e Ève Chiapello sobre as recentes mutações do capitalismo, que remodelaram a organização do trabalho e da vida corporativa globalizada, evidenciando a mobilidade e adaptabilidade do capitalismo contemporâneo. Argumentamos que, à medida que o capitalismo se reestrutura, o audiovisual emerge como uma representação das relações de trabalho precarizadas que se tornaram parte integrante dessa dinâmica.
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