Quem quer ser professor? Roda de conversa com estudantes do ensino médio sobre os prós e contras das licenciaturas

  • Shirley de Lima Ferreira Arantes Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Departamento de Educação e Ciências Humanas – Unidade Ibirité. Avenida São Paulo, 3996, Vila Rosário, Ibirité, CEP: 32400-000, Ibirité - Minas Gerais - Brasil. http://orcid.org/0000-0003-4998-1914
  • Anna Cesária dos Santos Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). http://orcid.org/0000-0002-0174-1658
Palavras-chave: Roda de conversa. Ensino Médio. Licenciaturas. Universidade do Estado de Minas Gerais.

Resumo

O artigo aborda ação extensionista desenvolvida em uma escola da Regional Barreiro (Belo Horizonte, MG), que se propôs em difundir a existência da UEMG para jovens pobres, negros e em contextos de vulnerabilidade social, visando favorecer o seu acesso ao ensino superior, com o objetivo de discutir a visão dos secundaristas sobre as licenciaturas. A intervenção foi estruturada num momento inicial de caráter mais informativo, seguido de roda de conversa com estudantes do ensino médio. Informados de que, na UEMG/Unidade Ibirité, todas as graduações são licenciaturas, e, no campus Belo Horizonte são ofertados cursos de licenciatura, tecnológicos e bacharelados em design, artes plásticas e música, os jovens revelaram-se frustrados, devido as expectativas sobre bacharelados altamente seletivos e prestigiosos, para os quais contam com a assistência estudantil. Mediante a possibilidade de não ingresso, foi possível constatar suas dificuldades em transpor essas aspirações para ações objetivas na realidade, carecendo de informações para a construção de projetos mais flexíveis. Nesse sentido, os poucos jovens que consideraram as profissões disponíveis na UEMG/Unidade Ibirité e campus Belo Horizonte relataram que familiares e amigos são professores, percebendo aspectos positivos da carreira. Esses resultados mostram que suas demandas de escolarização prolongada não se beneficiam da profissionalização compulsória no ensino médio e que a assistência estudantil é um fator central na percepção de autoeficácia para a concretização de seus projetos. Conclui-se que a atração dos jovens para a formação de professores e carreiras científico-tecnológicas em nível superior é um espaço relevante para a atuação da extensão universitária na educação básica.

Biografia do Autor

Shirley de Lima Ferreira Arantes, Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Departamento de Educação e Ciências Humanas – Unidade Ibirité. Avenida São Paulo, 3996, Vila Rosário, Ibirité, CEP: 32400-000, Ibirité - Minas Gerais - Brasil.
Professora Adjunta do Departamento de Educação e Ciências Humanas da Universidade do Estado de Minas Gerais – Unidade Ibirité. Possui doutorado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social pelo Programa EICOS da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 
Anna Cesária dos Santos, Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).
Licenciatura em Letras - Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG/Unidade Ibirité). Atuou como Bolsista do Programa Institucional de Extensão Ações Afirmativas e Relações Étnico-Raciais - PROEX/UEMG.

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Publicado
2021-04-30
Como Citar
ARANTES, S. DE L. F.; SANTOS, A. C. DOS. Quem quer ser professor? Roda de conversa com estudantes do ensino médio sobre os prós e contras das licenciaturas. Expressa Extensão, v. 26, n. 2, p. 20-31, 30 abr. 2021.