Estudo de Pigmento, Pasta e Vestígios Químicos de fragmentos cerâmicos associados aos povos Tupi do sítio Gramado de Brotas (São Paulo - Brasil)

  • Marianne Sallum Universidade de São Paulo
  • Carlos Roberto Appoloni Laboratório de Física Nuclear Aplicada, Universidade Estadual de Londrina - UEL
  • Agustín Ortiz Butrón Instituto de Investigaciones Antropológicas, Universidad Nacional Autónoma de Mexico - UNAM
  • Gregório Ceccantini Instituto de Biociências Universidade de São Paulo, IB-USP
  • Marisa Coutinho Afonso Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, MAE-USP
Palavras-chave: Arqueometria, Tupiniquim, Arqueologia Paulista, Tecnologia Cerâmica, fluorescência de raios-x, EDXRF

Resumo

Este trabalho apresenta a análise arqueométrica da cerâmica Tupi do sítio arqueológico Gramado, no município de Brotas (Estado de São Paulo, Brasil), combinando análises elementais e análises de vestígios químicos. O objetivo foi analisar detalhes e processos tecnológicos das vasilhas que não são possíveis de detectar a olho nu ou em observações de microscopia de luz; i.e. composição dos pigmentos e pastas cerâmicas, bem como vestígios químicos que possibilitassem inferir sobre possíveis usos das mesmas. Este é o primeiro trabalho que analisa conjuntamente vestígios químicos do uso e composição de pigmentos e pastas em peças Tupi, oferecendo uma interpretação mais precisa dos usos das peças. As análises apontaram para três dados relevantes: i) pintura foi feita com corante mineral ou pigmento, principalmente óxido de ferro, óxido de manganês e silicato não identificado; ii) a pasta cerâmica era muito homogênea, com algumas variações na composição; iii) a variedade de componentes de vestígios químicos e suas intensidades indicaram diferentes usos para as vasilhas dependendo do tratamento de superfície pintada ou plástica. As análises de vestígios químicos e elementares dos componentes cerâmicos oferecem uma visão complementar para o entendimento da tecnologia e funcionalidade das vasilhas. Abstract: This work presents an archaeometric analysis on “tupi” people ceramics from Gramado archaeological site, at Brotas (São Paulo State, Brazil). comprising both elemental analysis and chemical vestiges analysis. Our goal was to analyze technological processes about the pottery that are not possible to be detected by the naked eye nor light microscopy; i.e. the composition of pigments and ceramic paste, as well chemical vestiges that could suggest possible uses of the pottery. This is the first paper that deepens analysis on Tupi pottery, offering a more precise scenery about the uses of the objects. The analysis showed three relevant results: i) painting was made with mineral stains or pigments, mainly iron oxide, manganese oxide and some unidentified silicate; ii) the ceramic paste was very homogenous, with few variation of its composition; iii) the variety of components of chemical vestiges and their intensities indicated that there were several different uses for the ceramics and they were related to surface treatments such as painting or textures. Both chemical analysis together, EDXRF and chemical vestiges, are capable to build a complementary view about the understanding of pottery technology and functionality.

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Biografia do Autor

Marianne Sallum, Universidade de São Paulo
Doutoranda do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, MAE-USP
Carlos Roberto Appoloni, Laboratório de Física Nuclear Aplicada, Universidade Estadual de Londrina - UEL
Possui Bacharelado em Física pela Universidade de São Paulo (1973), Mestrado em Física Nuclear pela Universidade de São Paulo (1976), Doutorado em Física Nuclear pela Universidade de São Paulo (1983)e Pós-Doutorado em Física Nuclear Aplicada pela Universitá di Roma La Sapienza (1993). É docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL) desde 1976. Criou e até o momento coordena o Laboratório de Física Nuclear Aplicada desta universidade (www.fisica.uel.br/gfna). Tem experiência na área de Física, com ênfase em Métodos Experimentais e Instrumentação para Física Nuclear e Aplicações com Radioisótopos, atuando principalmente nos seguintes temas: transmissão e espalhamento de raios gama, fluorescência de raios X, espectrometria gama, microtomografia com raios X e espectroscopia Raman. Atua como docente e orientador nos cursos de Mestrado em Física da UEL (desde sua criação em 1996) e Doutorado em Física da UEL (desde sua criação em 2000). É Pesquisador do CNPq nível 1C. Membro do Comitê de Assessoramento de Engenharia e Ciências Nucleares CA-EN do CNPq - mandato de 01.10.2010 a 30.09.2013. Professor Emérito da Universidade Estadual de Londrina.
Gregório Ceccantini, Instituto de Biociências Universidade de São Paulo, IB-USP
Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (1992), mestrado (1996) e doutorado (2002) em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade de São Paulo. Pós-doutorado (FAPESP) na Universidade de Harvard, no Holbrook Laboratory. (Cambridge, Massachusetts) de julho de 2015 a julho de 2016. Pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) de 1996 a 1998. Professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) de 1998 a 2002. Desde 2003 até o presente é professor doutor da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Anatomia e morfologia vegetal, atuando principalmente nos seguintes temas: anatomia vegetal, anatomia da madeira e dendroecologia, biologia de plantas parasitas, anatomia funcional e arquitetura hidráulica de plantas. Recebeu auxílios financeiros para pesquisas com atividade cambial (Fundação Boticário de Proteção a Natureza), para pesquisar biologia de plantas parasitas (FAPESP) e anéis de crescimento de árvores brasileiras (CNPq, FAPESP). Experiências em consultorias técnicas na área de árvores urbanas, arqueologia, poluição ambiental, licenciamento ambiental, patrimônio material e cultural. É bolsista de produtividade científica do CNPq desde 2005. Como orientador, já dirigiu ou co-dirigiu alunos de doutorado (4), de mestrado (15) e em finalizações acadêmicas (31). Desde 2002 é responsável pelo Fitotério da USP e curador da xiloteca (SPFw). Vice-coordenador do curso de pós-graduação em Botânica do IB-USP desde junho de 2012 até 2015. Professor em Educação a Distância (EAD) da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP) em 2017, veiculado pelo canal UNIVESP - TV (6.1) (Texto informado pelo autor)
Marisa Coutinho Afonso, Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, MAE-USP
Possui graduação em Geologia pela Universidade de São Paulo (1979), Mestrado (1988) e Doutorado (1995) em Geografia (Geografia Física) pela Universidade de São Paulo e Livre Docência em Arqueologia Brasileira (2006) pelo Museu de Arqueologia e Etnologia/ Universidade de São Paulo. É arqueóloga e Professora Associada 3 (MS-5) do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, docente do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do MAE/USP e ministra disciplinas de graduação e de pós-graduação. Coordena o Laboratório de Arqueologia da Paisagem e Geoarqueologia (Lapgeo) no MAE/USP. Foi Vice Diretora do MAE/USP (2010-2014) e Secretária da Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), gestão 2001-2003. Tem experiência na área de Arqueologia, com ênfase em Arqueologia Pré-Histórica Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: sítios costeiros, sambaquis, sítios líticos, cerâmica, curadoria de coleções arqueológicas, geoarqueologia e arqueometria.(Texto informado pelo autor)

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Publicado
2018-11-30
Como Citar
Sallum, M., Appoloni, C. R., Butrón, A. O., Ceccantini, G., & Afonso, M. C. (2018). Estudo de Pigmento, Pasta e Vestígios Químicos de fragmentos cerâmicos associados aos povos Tupi do sítio Gramado de Brotas (São Paulo - Brasil). Cadernos Do LEPAARQ (UFPEL), 15(30), 191-218. https://doi.org/10.15210/lepaarq.v15i30.12993
Seção
Dossiê: Estudos em Arqueometria