NÃO SOMOS ESTRANGEIRAS! PELAS LOUÇAS BRASILEIRAS
Resumo
Resumo: Este artigo busca problematizar categoria artefatual bastante recorrente nos contextos materiais sobre os quais a Arqueologia tende a se debruçar: as louças brasileiras. Argumenta-se que identifica-las nos sítios arqueológicos históricos nacionais é questionar as bases epistemológicas de uma Arqueologia voltada a um passado “antigo”, adentrando, portanto, o temido século XX; é entender que a inexorabilidade da louça branca deve ser questionada e que o barateamento da produção nacional propiciou seu uso, com maior intensidade, por grupos sociais que nem sempre as possuíam em seu dia-a-dia; e, por fim, é reconhecer que a Arqueologia Brasileira destaca, em alguns aspectos, o estrangeiro, em especial pela supervalorização dada, em diversas pesquisas, às louças inglesas.Abstract: This paper aims to highlight a common artifact over which Brazilian Archeology tends to not research about: Brazilian refined earthenwares. It is argued that identify these Brazilian potteries at archaeological historic sites question epistemological foundations of an Archaeology based on the study of the “ancient”, entering the so feared 20th century; it is to understand that English refined earthenwares are not a kind of “natural” choice and that national production of those wares turn cheaper an object that few social groups could afford during the 19th century. Finally, it is to recognize that Brazilian Archaeology still values, sometimes, the “foreign”, particularly by the overvaluation of English pottery.Referências
AHEARN, L. M. Language and agency. Annual Review of Anthropology, 30, 2001, pp. 109-137
AÚN, C. R. Proposta de metodologia de projeto para louça utilitária de uso doméstico. Dissertação (mestrado), FAU/USP, 2000.
BLAJ, I. A Trama das tensões. São Paulo: Humanitas, 2001.
BUCHILI, V., LUCAS, G. (org.) Archaeologies of the contemporary past. Nova York: Routledge, 2001.
BRANCANTE, E. F. O Brasil e a cerâmica antiga. São Paulo: s/e, 1981.
CARVALHO, F. Porcelana Brasil – Guia de marcas. São Paulo: All Print, 2008.
CASCUDO, L. C. História da Alimentação no Brasil, v. 2. São Paulo: Brasiliana, 1968.
CHAKRABARTY, D. Provincializing Europe: postcolonial thought and historical difference. Princeton, N.J.: Princeton University Press, 2000.
CHALHOUB, S. Trabalho, Lar e Botequim. Campinas: UNICAMP, 2001.
CHATTERJEE, P. Colonialismo, modernidade e política. Salvador: UFBA, 2004.
DE CERTEAU, M. A invenção do cotidiano, v. 1. São Paulo: Vozes, 2007.
DE LUCA, T. Revista do Brasil - um Diagnóstico para a (n)ação. São Paulo: Cia das letras, 1999.
DIETLER, M.; HERBICH, I. Tich Matek: the technology of Luo pottery production and the definition of ceramic style. World Archaeology, v. 21, n. 1, p. 148-161, 1989.
GELL, A. Art and agency: an anthropological theory. Oxford: Clarendon, 1998.
GIDDENS, A. O mundo em descontrole. Rio de Janeiro: Record, 2007
GOSDEN, C. What do object want? Journal of Archaeological Method and Theory, v. 12, n. 3, p. 193-211, 2005.
LIMA, T. A. Chá e simpatia: uma estratégia de gênero no Rio de Janeiro oitocentista. Anais do museu paulista, história e cultura material (Nova Série). São Paulo, v. 5, p. 93-129, 1993.
LIMA, T. A. Humores e odores: ordem corporal e ordem social no Rio de Janeiro, século XIX. Manguinhos – Histórica, Ciência, Saúde, v. 2, n. 3, p. 44-94, 1995/1996.
LIMA, T. A. Pratos e mais pratos: louças domésticas, divisões culturais e limites sociais no Rio de Janeiro, século XIX. Anais do museu paulista, São Paulo, v. 3, p. 129-191, 1997.
LUCAS, G. Modern Disturbances: On the Ambiguities of Archaeology. Modernism/modernity, v. 11, n. 1, p. 109-120, 2004.
MILLER, G. L. A revised set of CC Index values for classification and economic scaling of English ceramics from 1787 to 1880. Historical Archaeology, v. 25, p. 1-25, 1991.
MONKS, G. G. On rejecting the concept of socio-economic status in historical archaeology. FUNARI, P. P. A.; HALL, M., JONES, S. (org.) Historical Archaeology: back from the edge. Londres: Routledge, 1999, p. 204-216.
MORALES, M. Os Usos da louça branca de Colombo: Aspectos Identitários e discursos do poder a partir do diálogo entre História e Arqueologia. Dissertação (mestrado), UFPR, 2010.
PEREIRA, C. J. Memória respeitada em arquivo organizado: jovens trabalhadores sindicalizados (1951-1973) da Fábrica de Louças “Santo Eugênio”, em São José dos Campos - SP. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH, São Paulo, julho 2011.
PEREIRA, J. H. M. As fábricas paulistas de louça: estudos de tipologias arquitetônicas na área de Patrimônio Industrial. Dissertação (mestrado), FAU/USP, São Paulo, 2007.
PILEGGI, A. A cerâmica no Brasil e no Mundo. São Paulo: Martins Fontes, 1958.
SCHWARZ, R. Que horas são? Ensaios. São Paulo: Cia das Letras, 2005.
SILVA, H. C. et alli. Otimização de fórmulas de massas cerâmicas de faiança. Cerâmica Industrial, v. 14, n. 1, p. 27-32, 2009.
SKIBO, J. Pottery function. A use-alteration perspective. Nova York: Plenum Press, 1992.
SOUZA, R. A. Louça branca para a Pauliceia. São Paulo: Imprensa Oficial/Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, 2012a.
SOUZA, R. A. A epidemia do branco e a assepsia das louças na São Paulo da Belle Époque. Manguinhos, v. 19, n. 4, 2012b.
SOUZA, R. A. Novos paradigmas à cultura material sertaneja e a Arqueologia do século XX nos sertões do Pernambuco, Ceará e Piauí. Anais I Semana de Arqueologia da UNICAMP, 2013.
SYMANSKI, L. C. P. Espaço privado e vida material em Porto Alegre. Porto Alegre: Edipucrs, 1998
SYMANSKI, L. C. P. A louça na pesquisa arqueológica: possibilidades analíticas e interpretativas. TOCCHETTO, F. et alli (org.) A faiança fina em Porto Alegre: vestígios arqueológicos de uma cidade. Porto Alegra: Unidade Editorial da Secretaria Municipal da Cultura, 2001, p. 135-160.
THERRIEN, M. De fábrica a barrio. Urbanización y urbanidad en la Fábrica de Loza Bogotana. Bogotá: Pontifícia Universidad Javeriana, 2007.
WIESSNER, P. Is there a unity to style? In the uses of style in Archaeology. CONKEY, M. W., HASTORF, C. A. (ed.) The uses of style in Archaeology. Cambridge: Cambridge University Press, 1990, p. 105-112.
ZANETTINI, P. E. Pequeno roteiro para a classificação de louças obtidas em pesquisas arqueológicas de sítios históricos. Arqueologia, v. 5, p. 117-130, 1986.
Os Cadernos do LEPAARQ publicam artigos em português, espanhol, italiano, francês e inglês, sem cobrança de nenhum tipo de taxa em nenhum momento, respeitando a naturalidade e o estilo dos autores. As provas finais serão enviadas aos autores, para sua conferência antes da publicação. O Conselho Editorial não se responsabiliza por opiniões emitidas pelos autores dos trabalhos publicados. O periódico Cadernos do LEPAARQ oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento. Os textos publicados poderão ser depositados imediatamente pelos autores em suas páginas pessoais, redes sociais e repositórios de textos.Nesse sentido, o periódico não tem fins lucrativos, de modo que os direitos autorais dos artigos publicados pertencerão aos respectivos autores e estes não receberão nenhuma forma de remuneração. Dessa forma, ao enviar o artigo, o autor do mesmo estará automaticamente aceitando esta condição. A reimpressão, total ou parcial, dos trabalhos publicados deve ser apenas informada pelos seus respectivos autores ao conselho editorial do periódico. OBS. Cabe(m) ao(s) autor(es) as devidas autorizações de uso de imagens com direito autoral protegido (Lei nº 9610, de 19 de fevereiro de 1998), que se realizará com o aceite no ato do preenchimento da ficha de inscrição via web.