Apresentação Dossiê: Comunidades Quilombolas, Ciganas e Indígenas na América Latina: racismos institucional e epistemológico
Resumo
O Dossiê é resultado de um simpósio organizado no 56º Congresso de Americanistas, na Universidad de Salamanca, na Espanha, em 2018. O chamado à reflexão sobre a dialética entre a universalidade e os particularismos na produção do conhecimento, lema do congresso, oportunizou a realização do Simpósio Comunidades Quilombolas, Ciganas e Indígenas na América Latina: racismos institucional e epistemológico, que abordou o racismo como mecanismo social e politicamente construído e sustentado pelas instituições e epistemologia dominantes. Produzindo uma divisão abissal entre brancos e não-brancos, baseada na invenção da superioridade branca, o racismo se manifesta em normas, práticas sociais e comportamentos discriminatórios e excludentes. É reforçado cotidianamente na segregação e exclusão de populações racializadas em relação ao acesso e fruição de bens e privilégios gerados pelo Estado e por instituições privadas, tais como a educação, saúde, assistência social, habitação, segurança e justiça. O racismo é igualmente sustentado por uma dimensão epistemológica: nos espaços onde o conhecimento é produzido ou dele dependem decisões organizativas, legais ou políticas, o racismo tem mostrado sua radicalidade, expressando-se na recusa em reconhecer como válidos os conhecimentos produzidos por populações racializadas – por exemplo, negros/negras, ciganos/ciganas, indígenas –, negando a legitimidade de repertórios e cânones não-ocidentais, designadamente às concepções dominantes de racismo. A qualidade dos trabalhos apresentados por ocasião do simpósio e a potência das discussões provocadas nos levou à ideia, acolhida valorosamente pelos Cadernos do LEPAARQ, de produzir esse dossiê com o desejo de ampliar a visibilidade dos trabalhos que analisam as tensões provocadas pelo racismo nas relações sociais e políticas e os dispositivos de violência e violações de variadas naturezas – física, psicológica, social, explícita ou simbólica, insidiosa ou bélica–, e provocar novas reflexões sobre as estratégias utilizadas pelas comunidades dissidentes para defenderem sua sobrevivência e enfrentarem a sustentação, reedição ou reificação cotidianas de imaginários racistas e práticas discriminatórias observados em todas as esferas do tecido social.Copyright (c) 2019 Cláudia Valéria Fonseca da Costa Santamarina, Mônica Sacramento, Marta Araújo
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