Quando a língua portuguesa visita a libras

Explorando o design thinking e o contrato entre línguas no ensino médio

Palavras-chave: Língua brasileira de sinais, Língua minoritária, Ensino de língua materna

Resumo

Este artigo é um recorte de uma pesquisa de Mestrado desenvolvida por Ildebrand (2020). Busca-se descrever e apresentar uma ação de ensino concebida nas aulas de língua materna de alunos ouvintes do Ensino Médio de uma escola localizada na região metropolitana de Porto Alegre. Assim, nas aulas de Língua Portuguesa (língua majoritária) oportunizou-se espaço e valorizou-se a Língua Brasileira de Sinais, Libras (língua minoritária). Alunos e professor foram mobilizados a delinear soluções para problemas relacionados à comunidade usuária da Libras a partir do contato com o design thinking, uma abordagem criativa, inovadora e colaborativa. Considera-se que o contato entre essas línguas pode ser um ponto de partida para promoção da interação entre surdos e ouvintes.

Biografia do Autor

Isaias dos Santos Ildebrand, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS
Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
Cátia de Azevedo Fronza, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS
Doutora em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), docente do curso de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
Simone Weide Luiz, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS
Doutoranda do Programa em Pós-Graduação em Linguística Aplicada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e Técnica em Assuntos Educacionais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) – campus Farroupilha

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Publicado
2020-11-06
Como Citar
dos Santos Ildebrand, I., de Azevedo Fronza, C., & Weide Luiz, S. (2020). Quando a língua portuguesa visita a libras: Explorando o design thinking e o contrato entre línguas no ensino médio. Revista Linguagem & Ensino, 23(4), 1162-1178. https://doi.org/10.15210/rle.v23i4.18563