As Denominações das abóboras no hunsrückisch sul-americano

Palavras-chave: Dialetologia Pluridimensional e Relacional, Hunsrückisch, Estudo do Léxico, Denominações das Abóboras.

Resumo

Provenientes do Novo Mundo, as abóboras se popularizaram em vários continentes após a descoberta da América. No Brasil, as cucúrbitas possuem, em sua maioria, nomenclatura de matriz luso-brasileira. É com esse patrimônio denominativo que os imigrantes alemães se depararam ao chegarem ao Brasil no início do século 19. Este trabalho apresenta dados advindos da aplicação da pergunta 106 do questionário semântico-lexical do Projeto Atlas Linguístico-Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata – Hunsrückisch (ALMA-H). A pergunta tinha por objetivo coletar as denominações das abóboras no repertório lexical do Hunsrückisch, língua de imigração alemã falada na Bacia do Prata e no além de suas fronteiras. Guiado pela Dialetologia pluridimensional e relacional (RADTKE; THUN, 1996), o ALMA-H documentou 34 denominações de cucúrbitas. As designações coletadas revelam não só os reflexos do contato linguístico, mas também uma série de neologismos surgidos da necessidade do colono alemão de nomear a natureza da terra que o recebeu.

Referências

ALEXANDRE, F. Dicionário da ilha: Falar & Falares da ilha de Santa Catarina. Florianópolis: Cobra Coralina, 1994.

ALMEIDA, H. de. Dicionário popular paraibano. João Pessoa: Ed. UFPB, 1979.

ALTENHOFEN, C. V. Hunsrückisch in Rio Grande do Sul. Ein Beitrag zur Beschreibung einer deutschbrasilianischen Dialektvarietät im Kontakt mit dem Portugiesischen. Stuttgart: Steiner, 1996.

ALTENHOFEN, C. V. Standard und Substandard bei den Hunsrückern in Brasilien: Variation und Dachsprachenwechsel des Deutschen im Kontakt mit dem Portugiesichen. In: LENZ, A. N. (Hg.). German Abroad: Perspektiven der Variationlinguistik, Sprachkontakt und Mehrsprachigkeitsforschung. Gottingen: Vienna University Press, 2016. p. 103-129.

AMARO, G. B. et al. Desempenho de híbridos de abóbora japonesa no sistema orgânico. Brasília: Embrapa, 2018.

BARBIERI, R. L. et al. Resgate e conservação de variedades crioulas de cucurbitáceas do Sul do Brasil. Rev. Brasileira de Agroecologia (Online), v. 2, p. 824-827, 2007.

BARBOSA, J. C. A horta: tratado das hortaliças e outras plantas hortenses. 3. ed. Porto: Livr. Chardron de Lélo e Irmão, 195-.

BARBOTIN, M. Dictionnaire du créole de Marie-Galante. Hamburg: Buske, 1995.

BARCELOS, J. de. Dicionário de Falares dos Açores. Coimbra: Almedina, 2008.

BARCELOS, J. Dicionário de Falares do Arquipélago da Madeira. Funchal: SPGRAM, 2016.

BARROS, V. F.; GUERREIRO; L. M. Dicionário de Falares do Alentejo. Porto: Campos das Letras, 2005.

BARROS, V. F. Dicionário de Falares das Beiras. Lisboa: Âncora Ed., 2010.

BLUTEAU, R. Vocabulario Portuguez e Latino. 1712-1728. Disponível em: http://clp.dlc.ua.pt/DICIweb/LerFicha.asp?Edicao=1&Posicao=2207573. Acesso em: 06 mai. 2020.

BORBA, F. S. Dicionário de usos do Português do Brasil. 1. ed. São Paulo: Ed. Ática, 2002.

BOSSLE, J. B. A. Dicionário gaúcho brasileiro. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2003.

BRÜCHER, H. Tropische Nutzpflanzen: Ursprung, Evolution und Domestikation. Berlin/Heidelberg: Springer-Verlag, 1977.

CABRAL, T. Dicionário de têrmos e expressões populares. Fortaleza: UFC, 1972.

Carta de soror Dona Joana Baptista, freira, para destinatário desconhecido - [1619-1621]. Projeto Post Scriptum. Disponível em: http://ps.clul.ul.pt. Acesso em: 30 ago. 2020

CASCUDO, L. da C. Abóbora e Jirimum. Rev. de Etnografia. Porto, vol. 6, Tomo 2, Impr. portuguesa, p. 307-312, 1966.

CASTELEIRO, J. M. (Cord.). Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa; Editorial Verbo, 2001.

CHUCHUY, C.; BOUZO, L. H. de. Nuevo Diccionario de Americanismos / dir. G. Haensch y R. Werner. Tomo II: Nuevo Diccionario de Argentinismos. Santafé de Bogotá: Inst. Caro y Cuervo, 1993.

CLEROT, L. F. R. Vocabulário de Têrmos Populares e Gíria da Paraíba: estudo de Glotologia e Semântica Paraibana. 1. ed. Rio de Janeiro: Oficinas de Gráfica Riachuelo Editora, 1959.

COROMINAS, J. Diccionario Crítico Etimológico de la Lengua Castellana. Vol. I A-C. Berna: Editorial Francke, 1954.

Deutsches Wörterbuch von Jacob und Wilhelm Grimm. 16 Bde. in 32 Teilbänden. Leipzig 1854-1961. Quellenverzeichnis Leipzig 1971. versão online. Disponível em: http://woerterbuchnetz.de/cgi-bin/WBNetz/wbgui_py?sigle=DWB. Acesso em: 10 abr. 2020.

DIAS, A. et al. Dicionário de Trasmontanismos. Chaves: Associação Rotary Club, 2005.

ENGELMANN, E. G. (Org.). A saga dos alemães – do Hunsrück para Santa Maria do Mundo Novo. Igrejinha: E. G. Engelmann, 2004.

FILIPAK, F. Dicionário sociolinguístico paranaense. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002.

GATTI, C. Enciclopedia Guarani – Castellano de ciencias naturales. Asunción: Artes Nuevo, 1985.

GILLIÉRON, J.; EDMONT, E. Atlas Linguistique de la France. Paris: Champion, 1902-10.

GONÇALVES, G. A. M. O Falar do Minho. Liv. Sousa e Almeida: Porto, 1988.

GOTTI, M. G. Grande Enciclopedia illustrata della Gastronomia. Nuova ed. a cura dell'Università degli studi di scienze gastronomiche. Milano: Mondadori DOC, 2007.

HEIDEN, G. et al. Chave para a identificação das espécies de abóboras (Cucurbita, Cucurbitaceae) cultivadas no Brasil. Pelotas: Embrapa, 2007.

KLUGE, F. Etymologisches Wörterbuch der deutschen Sprache. Berlin: De Gruyter, 1989.

KOCH, W. Gegenwärtiger Stand der deutschen Sprache im brasilianischen Gliedstaat Rio Grande do Sul. In: ENGEL, U.; VOGEL, I. (org.) Deutsch in der Begegnung mit anderen Sprachen. Beiträge zur Soziologie der Sprachen. Editado por H. Kloss. Mannheim, Institut für deutsche Sprache, Tübingen: Narr, 1974. p. 79-117.

KÖRBER-GROHNE, U. Nutzpflanzen in Deutschland. Stuttgart: Konrad Theiss, 1994.

LEITE DE VASCONCELOS, J. Etnografia portuguesa. vol. 02. Lisboa: Impr. Nacional de Lisboa, 1936.

L’Express. Kabocha, la courge japonaise qui change de la butternut. Disponível em: https://www.lexpress.fr/styles/saveurs/kabocha-la-courge-japonaise-qui-change-de-la-butternut_2049850.html. Acesso em: 05 abr. 2020.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. de A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Nova Odessa-SP: Inst. Plantarum, 2002.

LUDWIG, R. et al. Dictionnaire créole français (Guadeloupe). Paris: Servedit, 1990.

MACHADO, J. P. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 3. ed. Lisboa: Horizonte, 1977.

MADEIRA, N. et al. Manual de produção de hortaliças tradicionais. Brasília: Embrapa, 2013.

MANUPPELLA, G.; ARNAUT, S. D. O “Livro de Cozinha” da Infanta D. Maria de Portugal. 1. ed. integral do Códice Português I. E. 33 da Biblioteca Nac. de Nápoles. Coimbra: Universidade (Acta Universitatis Conimbrigensis), 1967.

MIRANDA, L. S. O léxico de remanescentes de comunidades garimpeiras do Alto Jequitinhonha – MG. 2015. 128 f. Tese (Doutorado em Linguística) – PPG em Estudos Linguísticos, UFMG, Belo Horizonte, 2015.

MÜLLER, J. Rheinisches Wörterbuch. Band 4, K- kalt. Berlin/ Bonn: Fritz Klopp, 1933.

NAVARRO, F. Assim falava Lampião: 2500 palavras e expressões nordestinas. São Paulo: Est. Liberdade, 1998.

OLIVEIRA, A. J. de. Dicionário gaúcho: termos, expressões, adágios, ditados e outras barbaridades. 2. ed. Porto Alegre: AGE, 2003.

PERALTA, A. J.; OSUNA, T. Diccionario Guaraní-Español y Español-Guaraní. Buenos Aires: Editorial Tupã, 1950.

PEREIRA, M. F. A. A. O falar de Soajo. 429 f. Dissertação (Licenciatura em Letras). Universidade de Lisboa, Lisboa, 1970.

PEREIRA DA COSTA, F. A. Vocabulário pernambucano. Recife: Imprensa Official, 1937.

PESSARAKI, M. Handbook of Cucurbits. Boca Raton: CRC Press US, 2016.

PFEIFER, W.; BRAUN, W. Etymologisches Wörterbuch des Deutschen A-L. Berlin: Akademie, 1993.

PIGNATTI, S. Flora d’Italia. Volume secondo. 1. ed. Bologna: Edagricole, 1982.

PIRES CABRAL, A. M. Língua Charra: Regionalismos de Trás-os-Montes e Alto Douro. Vol II: F-Z. Lisboa: Âncora, 2013.

PORTO ALEGRE, A. J. G. Popularium Sul-Rio-Grandense (estudo de filologia e folclore). Porto Alegre: Ed. da UFRGS; Inst. Estadual do Livro, 1980.

POULLET, H. et al. Dictionnaire des expressions du créole guadeloupéen. Fort-de-France: Hatier-Martinique, 1984.

RADTKE, E.; THUN, H. Neue Wege der romanischen Geolinguistik. Eine Bilanz. In: RADTKE, E.; Real Academia Española (RAE): Diccionario de la lengua española. 23. ed., [versión 23.3 en línea]. Disponível em: https://dle.rae.es. Acesso em: 05 abr. 2020.

ROCCA, L. D. Açorianos no Rio Grande do Sul: antecedentes e formação do espaço urbano do século XVIII. 2009. 657 f. Tese (Doutorado em Planejamento Urbano e Regional), UFRGS, Porto Alegre, 2009.

ROCHA, F. Nomes vulgares de plantas existentes em Portugal. Lisboa: DGEPC, 1996.

ROMAGUERA CORRÊA, J. et al. Vocabulário Sul-Rio-Grandense. Rio de Janeiro: Ed. Globo, 1964.

SAMPAIO, M. A. Vocabulário guarani-português. Porto Alegre: L&PM, 1986.

SARAMAGO, J. et al. Atlas Linguístico-Etnográfico dos Açores (ALEAç). 2002. Disponível em: http://www.culturacores.azores.gov.pt/alea/. Acesso em: 10 abr. 2020.

SAUERHOFF, F. Etymologisches Wörterbuch der Pflanzennamen. Stuttgart: W. V., 2003.

SERAINE, F. Dicionário de termos populares registrados no Ceará. Rio de Janeiro: Simões, 1958.

SIMÃO, T. Dicionário do falar raiano de Marvão. 1. ed. Lisboa: Ed. Colibri, 2016.

STAUB, A. O empréstimo linguístico: um estudo de caso. Porto Alegre: Letras de Hoje, 1983.

TAVARES DE BARROS, F. H. Topodinámica del Hunsrückisch: Cartografía y ejemplos del proceso de cambio y manutención del léxico en contexto de migración. 2019. 309 f. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – FB 10, Universidade de Bremen, UB, Bremen - Alemanha, 2019.

THUN, H.; FORTE, C. E.; ELIZAINCÍN, A. El Atlas lingüístico Diatópico y Diastrático del Uruguay (ADDU): presentación de un proyecto. Iberoromania, Berlin, De Gruyter, n. 30, p. 26-62, 1989.

RADTKE, E.; THUN, H. Neue Wege der romanischen Geolinguistik. Eine Bilanz. In: RADTKE, E.; THUN, H. (Org.). Neue Wege der romanischen Geolinguistik: Akten des Symposiums zur Empirischen Dialektologie. Kiel: Westensee, 1996, p. 1-24.

THUN, H. La geolingüística como lingüística variacional general (con ejemplos del Atlas lingüístico Diatópico y Diastrático del Uruguay). In: RUFFINO, G. (Org.). International Congresso of Romance Linguistics and Philology (21.: Palermo: 1995). Tübingen, Niemeyer, v. 5, 1998. p. 701-729, 787-789.

THUN, H. Altes und Neues in der Sprachgeographie. In: DIETRICH, W.; HOINKES, U. Romanistica se movet. Münster: NOdus-Publ, 2000. p. 69-89.

THUN, H. Pluridimensional Cartography. In: LAMELI, A. et al. Language and space: language mapping: an inter. handbook of linguistic variation. Berlin: De Gruyter, 2010. p. 506-523.

TOKARSKI, F. Dicionário de regionalismos do sertão do Contestado. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004.

TONIOLO, E. Vocabulário de Tibagi. Apucarana: FECEA, 1981. Disponível em: TLPGP. http://ilg.usc.gal/tesouro/pt/search#search=normal&mode=lema&q=ab%C3%B3bora-menina. Acesso em: 08 abr. 2020.

VOLKWEIS, R. A presença portuguesa no processo de formação das cidades do Brasil Meridional: a questão da origem açoriana de Triunfo – RS. 2011. 144 f. Dissertação (Mestrado) Prog. em Pós-graduação em Planejamento Urbano e Regional, UFRGS, Porto Alegre, 2011.

Wörterbuch der luxemburgischen Mundart. XV, 532, Luxemburg: M. Huss, 1906. Disponível em: http://engelmann.uni.lu:8080/portal/WBB2009/WLM//wbgui_py?mainmode=. Acesso em: 04 abr. 2020.

Publicado
2020-11-06
Como Citar
Hélio Tavares de Barros, F. (2020). As Denominações das abóboras no hunsrückisch sul-americano. Revista Linguagem & Ensino, 23(4), 980-1004. https://doi.org/10.15210/rle.v23i4.18789