QUANTO MAIS PEIXE, MELHOR: SOBRE A IMPORTÂNCIA DA PESCA PARA OS MBYÁ-GUARANI

  • Mártin César Tempass Universidade Federal do Rio Grande
Palavras-chave: Pesca, Mbyá-Guarani, Cosmologia, Alimentação

Resumo

O presente artigo resulta de quinze anos de diferentes pesquisas etnográficas realizadas em aldeias Mbyá-Guarani do estado do Rio Grande do Sul. O objetivo é analisar os aspectos práticos e simbólicos das pescarias e do consumo de peixes para este grupo indígena. Em um primeiro momento, analisaremos a relação da etnia com as águas e a importância atribuída aos peixes para a construção de corpos e almas perfeitos. Depois serão apresentadas as modalidades e técnicas empregadas pelos Mbyá-Guarani na prática pesqueira. Por fim, serão discutidas as regras que tornam sustentáveis as pescarias dos Mbyá-Guarani. Abstract: This article is the result of fifteen years of different ethnographic research carried out in Mbyá-Guarani villages in the state of Rio Grande do Sul. The objective is to analyze the practical and symbolic aspects of fisheries and fish consumption for this indigenous group. In a first moment, we will analyze the relation of the ethnicity with the waters and the importance attributed to the fishes for the construction of perfect bodies and souls. Then the modalities and techniques used by the Mbyá-Guarani in fishing practice will be presented. Finally, we will analyze the rules that make sustainable the fisheries of the Mbyá-Guarani.

Referências

ARENAS, Pastor. Etnografía y alimentación entre los Toba-Ñachilamole#ek y Wichí-Lhuku´tas del Chaco Central: Argentina. Buenos Aires: Pastor Arenas, 2003. 562p.

CADOGAN, León. Ayvu rapyta: textos míticos de los Mbyá-Guaraní del Guairá. Assunção: Fundación León Cadogan, 1997.

CLASTRES, Hélène. Terra sem mal: o profetismo tupi-guarani. São Paulo: Brasiliense, 1978.

COLOMBRES, Adolfo. Los guaraníes. Buenos Aires: Del Sol, 2008.

DESCOLA, Philippe. Estrutura ou sentimento: a relação com o animal na Amazônia. Revista Mana, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 23-45, abr. 1998.

ENRIZ, Noelia. Jeroky Poña: juegos, saberes y experiências infantiles mbyá-guaraní en Misiones. 2010. 274f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidad de Buenos Aires, 2010.

FERREIRA, Luciane Ouriques. Mba´e achy: a concepção cosmológica da doença entre os mbyá guarani num contexto de relações interétnicas – RS. 2001. 159 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – PPGAS, UFRGS, Porto Alegre, RS, 2001.

KLIAUGA, Catalina Saugy de. Aspectos sociales de la pesca en el Paraná Medio, Entre Rios, Argentina. In: BRACHT, Federico Guillermo (Org). Cultura tradicional del área del Paraná Médio. Buenos Aires: Instituto Nacional de Antropologia, 1984. p. 21-47.

LADEIRA, Maria Inês; MATTA, Priscila. Terras Guarani no Litoral: as matas que foram reveladas aos nossos antigos avós = Ka´agüy oreramói kuéry ojou rive vaekue ~y. São Paulo: CTI, 2004.

MARTINEZ-CROVETTO, Raúl. La alimentación entre los índios guaraníes de misiones (Republica Argentina). Etnobiologica, Corrientes, n. 4, p. 1-24, fev. 1968.

MELIÀ, Bartomeu. El Guarani conquistado y reducido. Assunção: Universidade Católica, 1986.

______. A experiência religiosa guarani. In: MARZAL, Manuel M. O rosto índio de Deus. São Paulo: Vozes, 1989. Tomo I.

PALERMO, Miguel Angel; HOYOS, María de; CHIAPPE, Aldo. Guaraníes: gente americana. Buenos Aires: A-Z, 2006.

PISSOLATO, Elizabeth. A duração da pessoa: mobilidade, parentesco e xamanismo mbya (guarani). São Paulo: UNESP/ISA; Rio de Janeiro:NuTI, 2007.

POZZEBON, Altair. O direito humano à alimentação adequada na aldeia guarani de Coxilha da Cruz – Barra do Ribeiro – RS. Monografia (Especialização em Direitos Humanos) – IFCH, ESMPU/UFGRS, Porto Alegre, RS, 2008.

SOUZA, José Otávio Catafesto de. Territórios e povos originários (des)velados na metrópole de Porto Alegre. In: Prefeitura Municipal de Porto Alegre; Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana. Povos Indígenas na Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Porto Alegre: Prefeitura de Porto Alegre, 2008. p. 14-24.

SUSNIK, Branislava. Guerra, transito, subsistência: âmbito americano. Asunción: Litocolor, 1990.

TEMPASS, Mártin César. Orerémbiú: a relação das práticas alimentares e seus significados com a identidade étnica e a cosmologia Mbyá-Guarani. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – PPGAS, UFRGS, Porto Alegre, RS, 2005.

______. A culinária indígena como elo de passagem da “cultura” para a “natureza”: invertendo Lévi-Strauss. Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 69-101, jan./jun. 2011. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/EspacoAmerindio/article/view/20874/12089 . Acesso em: 31 dez. 2013.

______. A doce cosmologia Mbyá-Guarani: uma etnografia de saberes e sabores. Curitiba: Appris, 2012.

TORRES, Graciela F.; SANTONI, Mirta E.; ROMERO, Liliana N. Los wichí del Chaco Salteño ayer y hoy: alimentacíon y nutrición, 2007.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A incostância da alma selvagem: e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2002.

Publicado
2019-12-15
Como Citar
Tempass, M. C. (2019). QUANTO MAIS PEIXE, MELHOR: SOBRE A IMPORTÂNCIA DA PESCA PARA OS MBYÁ-GUARANI. Cadernos Do LEPAARQ (UFPEL), 16(32), 169-179. https://doi.org/10.15210/lepaarq.v16i32.16395
Seção
Dossiê Comunidades de pesca: pessoas, materiais, lugares e peixes