Escola sem Partido: um funcionamento discursivo entre o dito e não-dito

  • Luciane Botelho Martins Universidade Federal de Pelotas
  • Aracy Graça Ernst Universidade Católica de Pelotas
  • Ana Paula Vieira de Andrade Assumpção Universidade Católica de Pelotas
Palavras-chave: Discurso, escola, aparelhos ideológicos.

Resumo

Em março de 2015, foi encaminhado ao Congresso Nacional, em Brasília, o projeto de Lei nº 867/2015, sob o título Escola Sem Partido, pelo deputado federal Izalci Lucas Ferreira (PSDB/DF). De acordo com o deputado, o Projeto Escola Sem Partido, que visa a acabar com a “doutrinação” político-ideológica nas escolas de todo território nacional, seria incluído entre as diretrizes da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9.394/96). Embora em processo de tramitação, o projeto já pode ser aderido por estados e municípios sob a forma de ementa. Dentre as ações do projeto, destaca-se a fixação de cartazes em todas as salas de aulas, sob o pretexto de informar aos alunos sobre seus direitos e aos professores sobre seus deveres. O referido cartaz tem como título “Deveres do Professor” e aponta seis regras a serem seguidas. Note-se ainda que o descumprimento de quaisquer regras pelo professor implica sanções de natureza civil, administrativa e penal. É, pois, pensando a escola como aparelho ideológico de estado, a língua como lugar da contradição e, portanto, passível de equívocos, que procuraremos, à luz da análise de discurso pêcheuxtiana, compreender o funcionamento discursivo presente na materialidade - cartaz. Desse modo, partindo do princípio de que a homogeneidade é um efeito do imaginário, observamos, a partir de pistas linguísticas, o trabalho concomitante entre a evidência do dito e o que dele escapa – não-dito, uma vez que, segundo Pêcheux, “o deslize, a falha e a ambiguidade são constitutivos da língua” (1997, p. 62).

Biografia do Autor

Luciane Botelho Martins, Universidade Federal de Pelotas
Mestra em Letras pela UCPel, é pedagoga e graduada em Letras Português Inglês, ambas pela Universidade Federal do Rio Grande (2015 e 2001 respectivamente), possui Pós-graduação em Pedagogia Gestora pela UNIVEST - Lages (2003) e Pós-graduação em Linguística e Ensino de Língua Portuguesa - Furg (2014). Atualmente é professora de anos iniciais pela Prefeitura Municipal de Rio Grande e professora substituta na Universidade Federal de Pelotas, atuando na área de Linguística e Língua Portuguesa. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem. Em 2013 participou do PDPI (Programa de Aperfeiçoamento de Professores de Língua Inglesa) pela Loyola University of Chicago. Atualmente é doutoranda do curso de Letras/UCPel e membro do LEAD - Laboratório de Estudos em Análise do Discurso de filiação pecheuxtiana, onde realiza pesquisas voltadas ao estudo dos sentidos produzidos em materialidades, compostas por diferentes linguagens.
Aracy Graça Ernst, Universidade Católica de Pelotas
Possui graduação em Curso de Letras pela Universidade Federal do Rio Grande (1971), Mestrado em Lingüística e Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1980) e Doutorado em Lingüística e Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1994). Realizou estágio pós-doutoral na Universidade de Paris III, Sorbonne-Nouvelle, desenvolvendo o trabalho "O discurso proverbial e o discurso das alterações. Elementos para uma análise semântico discursiva" (2001). Atualmente é professor titular da Universidade Católica de Pelotas. Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase em Teorias da Enunciação e Análise de Discurso, atuando principalmente nos seguintes temas: discurso proverbial, reescrituras de contos de fadas, corpo e subjetividade, ideologia e ensino.
Ana Paula Vieira de Andrade Assumpção, Universidade Católica de Pelotas
Possui graduação em Letras - Português e Latim e respectivas Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Licenciatura Plena. É Mestra em Letras pela Universidade Católica de Pelotas (PPGL-UCPel). Atualmente é professora do Ensino Médio pelo Estado do Rio Grande do Sul. É doutoranda do curso de Letras/UCPel e membro do LEAD (Laboratório de Estudos em Análise de Discurso pêcheuxtiana), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Letras da UCPel, onde desenvolve atividades de pesquisa na linha "Discurso, ideologia e inconsciente".
Publicado
2019-03-08
Como Citar
Botelho Martins, L., Graça Ernst, A., & Paula Vieira de Andrade Assumpção, A. (2019). Escola sem Partido: um funcionamento discursivo entre o dito e não-dito. Revista Linguagem & Ensino, 21, 223-240. https://doi.org/10.15210/rle.v21i0.15180