O que é uma pergunta?

diálogos entre a psicanálise e a linguística de Austin e Searle

  • Paulo Luis Rosa Sousa Universidade Católica de Pelotas - UCPEL
  • Ricardo Azevedo da Silva Universidade Católica de Pelotas - UCPEL
  • Ricardo Tavares Pinheiro Universidade Católica de Pelotas - UCPEL
Palavras-chave: Atos interrogativos, Diálogos clínicos, Perguntas poéticas, Interdisciplinaridade, Psicanálise, Linguística

Resumo

Embora os atos interrogativos sejam de uso freqüente, tanto no discurso social, quanto no discurso psicanalítico, eles não têm sido estudados em profundidade, pelo menos no campo freudiano. Pioneiros como Freud e Klein não tomaram suas perguntas ou as de seus clientes como objetos de estudo nos diálogos terapêuticos. Mais ainda, o psicanalista húngaro Sandor Ferenczi, em 1919, inventou a regra técnica da contra-pergunta, na qual toda vez que o cliente perguntasse algo durante a sessão, o analista deveria devolver-lhe com uma contrapergunta do tipo: “ como lhe ocorreu perguntar-me isso ?” Determinantes histórico-técnicos dessa ordem levaram a que os atos interrogativos permanecessem em um plano secundário de interesse. Este ensaio interdisciplinar defende a hipótese de que as perguntas que emergem nos diálogos psicanalíticos podem ser instrumentos terapêuticos legítimos. O estudo feito a partir de material clínico transcrito de sessões de análise, bem como de produções literárias como “El libro de las Preguntas”, de Pablo Neruda, permite formular hipóteses sobre a natureza dos atos interrogativos, seus efeitos nos diálogos e seu uso como instrumentos terapêuticos. As noções filosóficas de Austin e Searle sobre os atos de fala, associadas ao fundamento psicanalítico dos diálogos terapêuticos, mostraram-se como recursos interdisciplinares úteis para a tarefa.

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Publicado
2019-03-14
Como Citar
Luis Rosa Sousa, P., Azevedo da Silva, R., & Tavares Pinheiro, R. (2019). O que é uma pergunta? diálogos entre a psicanálise e a linguística de Austin e Searle. Revista Linguagem & Ensino, 3(2), 29-47. https://doi.org/10.15210/rle.v3i2.15521