Conhecer é dar forma: a tradução em Vilém Flusser e Walter Benjamin
Resumo
O objetivo do presente ensaio é, a partir de uma aproximação teórica entre dois filósofos judeus, Vilém Flusser e Walter Benjamin, postular a tradução enquanto teoria do conhecimento. Em ambos os pensadores, a teoria da língua complementa a teoria da tradução, constituindo uma estratégia epistemológica que não separa convenção e expressão, método e conteúdo. Conhecer é abrir mão da integralidade e da objetividade do mundo, ao mesmo tempo que o desafio do sujeito conhecedor é o de forjar uma forma que não abandone a materialidade. Factualidade esta que pode ser a da própria palavra, já que a literatura, assim como as ciências, estabelecem-se discursivamente. Além de conceitos-chaves nas teorias de Flusser e Benjamin, como os de tradução, língua, realidade e alegoria, o ensaio recorre, ainda, e principalmente, a João Guimarães Rosa, Octavio Paz e Eduardo Viveiros de Castro.Referências
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 165-196.
BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de História. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 222-234.
BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 197-221.
BENJAMIN, Walter. O Surrealismo. O último instantâneo da inteligência europeia. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 21-35.
BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1984.
BENJAMIN, Walter. A tarefa do tradutor. In: CASTELLO BRANCO, Lucia (org.). A tarefa do tradutor, de Walter Benjamin: quatro traduções para o português. Trad.: João Barrento (“A tarefa do tradutor). Belo Horizonte: UFMG, 2008.
BENJAMIN, Walter. A imagem de Proust. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 36-49.
BERNARDO, Gustavo; GULDIN, Rainer. O homem sem chão. A biografia de Vilém Flusser. São Paulo: Annablume, 2017.
BERNARDO, Gustavo. A dúvida de Flusser. São Paulo: Globo, 2002.
Carta de Octavio Paz a Vilém Flusser, de 26 de julho de 1966. Inédito. Vilém Flusser Archiv.
Carta de Vilém Flusser a Octavio Paz, de 10 de outubro de 1967. Inédito. Vilém Flusser Archiv.
Carta de Vilém Flusser a Milton Vargas, de 25 de janeiro de 1975. Inédito. Vilém Flusser Archiv.
DERRIDA, Jacques. Seminario La bestia y el soberano: volumen 2001-2002. Trad. Cristina de Peretti e Delmiro Rocha. Buenos Aires: Manantial, 2010.
FLUSSER, Vilém. Língua e Realidade. São Paulo: Annablume, 2007.
FLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. São Paulo: Annablume, 2011.
FLUSSER, Vilém. Comunicologia: reflexões sobre o futuro: as conferências de Bochum. Trad. Tereza Maria Souza de Castro. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
FLUSSER, Vilém. Bodenlos: uma autobiografia filosófica. São Paulo: Annablume, 2007.
FLUSSER, Vilém. Da tradução. In: Cadernos Brasileiros, São Paulo, outubro de 1968.
FLUSSER, Vilém. A História do Diabo. São Paulo: Annablume, 2008.
FLUSSER, Vilém. Problemas da tradução. Inédito. Vilém Flusser Archiv.
FLUSSER, Vilém. Guimarães Rosa e a Geografia. In: Comentário, 1 de outubro de 1969.
FLUSSER, Vilém. Até a terceira e quarta geração. Vilém Flusser Archiv.
FLUSSER, Vilém. Exílio e criatividade. In: Viagem Brasileira, novembro de 1984.
FLUSSER, Vilém. Vampyroteuthis Infernalis. São Paulo: Annablume, 2011.
https://doi.org/10.14195/978-989-26-1128-0
FLUSSER, Vilém. Limites borrados. In: O’Estado de São Paulo, 19 de setembro de 1964.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Trad.: Laura Fraga Sampaio. 21 ed. São Paulo: Loyola, 1996.
GULDIN, Rainer. Pensar entre línguas: a teoria da tradução em Vilém Flusser. Trad. Murilo Jardelino e Clélia Barqueta. São Paulo: Annablume, 2010.
RANCIÈRE, Jacques. O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. Trad. Lílian do Valle. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
VAIHINGER, Hans. A filosofia do como se: sistema das ficções teóricas, práticas e religiosas da humanidade, na base de um positivismo idealista Trad. Johannes Kretschmer. Chapecó: Argos, 2011.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Metafísicas canibais: elementos para uma antropologia pós-estrutural. São Paulo: Cosac Naify, 2015.