Traduzir a crítica à ontologia: transitoriedade, transcriação e história natural
Resumo
Este ensaio procura tecer considerações sobre a tarefa da crítica à ontologia fundamental desde a perspectiva literária. Para isso parte das concepções de tradução, transitoriedade e não-identidade expostas por Walter Benjamin em muitos dos seus textos e também no seu conhecido texto “A tarefa do tradutor”. O conceito de Vergänglichkeit, transitoriedade, que pode ser entendido também por ruinância ou deperecimento, torna-se a estrela maior nesta abordagem benjaminiana, e a ele se une a ideia de história natural, como momento dialético crucial para crítica à ontologia fundamental. Este ensaio também aponta para algumas leituras e interpretações brasileiras dos escritos de Walter Benjamin, principalmente, com o intento de abordar a ideia de transcriação, de Haroldo de Campos.Referências
ADORNO, Theodor. Die Idee der Neturgeschichte. In: ADORNO, Theodor. Gesammelte Schriften Bd. 1. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1990.
BENJAMIN, Walter. A tarefa do tradutor. In: BENJAMIN, Walter. Escritos sobre mito e linguagem. Trad. Susana Kampff Lages. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2011.
BENJAMIN, Walter. Sobre alguns motivos na obra de Baudelaire. In: BENJAMIN, Walter. Baudelaire e a Modernidade. Trad. João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. In: BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas I, Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BENJAMIN, Walter. Origem do drama trágico alemão. Trad. João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
BENJAMIN, Walter. Passagens. Trad. Irene Aron. Belo Horizonte: UFMG, 2018.
BUCK-MORSS, Susan. The origin of negative dialectics. New York: Free Press, 1977.
CAMPOS, Haroldo. A língua pura na teoria da tradução de Walter Benjamin. Da transcriação: poética e semiótica da operação tradutora. Belo Horizonte: Viva voz (FALE/UFMG), 2011.
CAMPOS, Haroldo de. Da tradução como criação e como crítica. In: Da transcriação: poética e semiótica da operação tradutora. Belo Horizonte: Viva voz (FALE/UFMG), 2011.
CAMPOS, Haroldo de. O que é mais importante: a escrita ou o escrito? in Da transcriação: poética e semiótica da operação tradutora. Belo Horizonte: Viva voz (FALE/UFMG), 2011.
CAMPOS, Haroldo. Da transcriação: poética e semiótica da operação tradutora, in Da transcriação: poética e semiótica da operação tradutora. Belo Horizonte: Viva voz (FALE/UFMG), 2011.
CAMPOS, Haroldo. Para além do princípio da saudade: a teoria benjaminiana da tradução, in Da transcriação: poética e semiótica da operação tradutora. Belo Horizonte: Viva voz (FALE/UFMG), 2011.
CAMPOS, Haroldo. Transluciferação Mefistofáustica. In: Deus e o Diabo no Fausto de Goethe. São Paulo: Perspectiva, 1981.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. História e cesura. In: História e narração em Walter Benjamin, São Paulo: Perspectiva, 2007.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Origem, original, tradução. In: História e narração em Walter Benjamin, São Paulo: Perspectiva, 2007.
HEIDEGGER, Martin. O princípio da identidade. In: Conferências e escritos filosóficos. Trad. Ernildo Stein. São Paulo: Nova Cultural, 1989.
HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo e Manuel de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010.
SELIGMANN-SILVA, Márcio. ‘Eu é um outro’: a tradução como criação do próprio e encontro festivo. In: Santa Barbara Portuguese Studies, v. 3 (Digital online version), 2019.
SELIGMANN-SILVA, Márcio. Filosofia da tradução – tradução de filosofia: o princípio da intraduzibilidade. In: O local da diferença: ensaios sobre memória, arte, literatura e tradução. São Paulo: Ed. 34, 2005.
SELIGMANN-SILVA, Márcio. Haroldo de Campos: tradução como formação e ‘abandono’ da identidade. In: O local da diferença: ensaios sobre memória, arte, literatura e tradução. São Paulo: Ed. 34, 2005.
SONTAG, Susan. Sobre ser traduzida. In: Questão de ênfase: ensaios. Trad. Rubens Figueiredo. São Paulo: Cia das Letras, 2005.