Cecília Vicuña, o baile de los chinos e as sementes ancestrais de futuro

Palavras-chave: Cecília Vicuña, performance, memória, hibridação, ch’ixi.

Resumo

O artigo apresenta “Tugar Tugar salir a buscar el sentido perdido”, uma oficina realizada por Cecília Vicuña com o objetivo de trazer à comunidade de Caleu-Chile a escuta do saber ancestral incorporado na prática do baile de los chinos. A análise propõe pensar a transmissão da memória dessa performance como gesto político que visa a descolonização do pensamento e o enfrentamento dos históricos processos de banimento a que foi submetido o repertório das civilizações pré-coloniais. Fundamentam a leitura o conceito de performance como “prática incorporada”, de Schechner, as reflexões sobre arquivo, repertório e memória, por Taylor; as teses sobre história e memória, de Benjamin, passando pela crítica de Didi-Huberman; os processos de singularização subjetiva pensados por Guattari. Enfrenta-se a discussão entre o conceito de hibridação, de Canclini, e o de ch’ixi, desenvolvido por Cusicanqui, para pensar as tensões e antagonismos implicados na sobrevivência dos bailes chinos.

Referências

BENJAMIN, Walter. “Sobre o conceito de história”. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Obras escolhidas. Tradução de Sergio P. Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994, vol. 1.

BENJAMIN, Walter. Passagens. Edição Alemã de Rolf Tiedemann; organização da edição brasileira Willi Bolle; tradução do alemão de Irene Aron; tradução do francês de Cleonice P. B. Mourão. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007, 1ª. reimpressão.

BERGSON, Henry. Matéria e memória. Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

CANLINI, Néstor García. Culturas híbridas. Tradução de Heloísa P. Cintrão. SP: EDUSP, 2003.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Ante el tiempo. Historia del arte y anacronismo de las imágens. Tradução de Antonio Oviedo. Buenos Aires: Adriana Hidalgo, 2011.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Sobrevivência dos vaga-lumes. Tradução de Vera Casa Nova e Márcia Arbex. BH: UFMG, 2011a.

FOUCAULT, Michel. O corpo utópico, as heterotopias. Tradução de Salma T. Muchail. São Paulo: n-1 Edições, 2013.

GUATTARI, Felix e ROLNIK, Suely. Micropolítica. Cartografais do desejo. Petrópolis: Vozes, 1996.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

MERCADO MUÑOZ, Claudio. “Ritualidades en conflicto: los bailes chinos y la Iglesia Católica en Chile Central”. Rev. music. chil., Santiago, v. 56, n. 197, p. 39-76, janeiro 2002. Disponível em: https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0716-27902002019700003&lng=es&nrm=iso Acesso em: 16/11/2020.

RIVERA CUSICANQUI, Silvia. Ch’ixinakax utxiwa. Una reflexión sobre prácticas y discursos descolonizadores. Buenos Aires: Tinta Limón, 2010.

SHECHNER, Richard. “What is performance?”. In: Perfomance Studies: an introduction. New York/Londres: Routledge, 2006, pp. 28-51. Tradução de R.L.Almeida. Publicado sob licence creative commons, classe 3, Abril 2011, n.p. Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/378/o/O_QUE_EH_PERF_SCHECHNER.pdf Acesso em: 20/11/2020

TAYLOR, Diana. O arquivo e repertório. Performance e memória cultural nas Américas. Tradução de Eliana Reis. BH: UFMG, 2013.

VICUÑA, Cecília. Sabor a mí. Devon, UK: Beau Geste Press, 1973.

VICUÑA, Cecília. PALABRARmás. Santiago de Chile: RIL editores, 2005.

VICUÑA, Cecília. PALAVRARmás. Tradução de Ricardo Corona. Curitiba: Medusa, 2017.

Filmografia

BOLOGNESI, Luiz. Guerras do Brasil.Doc, 2018. Série documental em 5 episódios. Netflix. Episódio1: As guerras da conquista. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VeMlSgnVDZ4 (Acesso 23/11/2020)

VICUÑA, Cecília. Tugar Tugar, salir a buscar el sentido perdido. Dezembro de 2011. Duração: 30:26.

Páginas web

<https://www.chimuchina.org/>

<http://oysi.org/>

<https://ich.unesco.org/es/RL/el-baile-chino-00988>

Publicado
2021-01-28
Como Citar
Frenkel Barretto, E. (2021). Cecília Vicuña, o baile de los chinos e as sementes ancestrais de futuro. Revista Linguagem & Ensino, 24(1), 13-28. https://doi.org/10.15210/rle.v24i1.20285