Aspectos culturais na tradução para o português de rings, de Rosaleen Mcdonagh

Resumo

Este artigo apresenta um recorte de um projeto de tradução da peça teatral Rings (2010), escrita pela dramaturga irlandesa Rosaleen McDonagh, para o português brasileiro. A peça retrata a relação entre dois personagens – Norah e seu pai – que pertencem a uma minoria étnica nômade irlandesa pouco conhecida no Brasil: os Travellers. O artigo analisa as estratégias de tradução adotadas para lidar com aspectos da cultura Traveller a partir do cotejo entre o texto de partida e sua tradução, com base nos conceitos de domesticação e estrangeirização cunhados por Lawrence Venuti (1995, [2019] 2022, no prelo) e desenvolvidos por Paulo Henriques Britto (2012). A tradução seguiu um caminho intermediário entre a estrangeirização e a domesticação, e o artigo discute as combinações das duas estratégias, com exemplos da tradução de Rings. Para descrever o processo de tradução, o artigo também se refere aos procedimentos técnicos de tradução propostos por Heloísa Barbosa (2020). 

Biografia do Autor

Cristiane Bezerra do Nascimento, Universidade Federal de Santa Catarina
Mestra em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC. Bacharel em Tradução pela Universidade Federal da Paraíba, UFPB. Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa, UNIPÊ.
Alinne Balduino Pires Fernandes, Universidade Federal de Santa Catarina
Professora efetiva do Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras (DLLE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desde 2015. Atual Sub-Coordenadora da Pós-Graduação em Inglês (PGI) e atuante também na Pós-Graduação em Estudos da Tradução (PGET) da UFSC. É líder dos grupos de pesquisa Estudos Irlandeses e de Estudos Feministas na Literatura e na Tradução (GEFLIT). Foi pesquisadora visitante da Moore Institute na National University of Ireland - Galway em 2017. Dentre os seus principais interesses de pesquisa e possíveis temas de orientação, estão: teatro e literaturas escritas por mulheres; drama radiofônico; tradução teatral; hermenêutica; crítica feminista; prática de tradução e de escrita como pesquisa; literatura, teatro e tecnologias. Algumas de suas publicaç ões são: No Pântano dos Gatos... (2017, trad. de By the Bog of Cats... de Marina Carr); Artistic Collaborations (com Maria Rita Viana e Miriam Haughton, ed. temática Ilha do Desterro 71.2, 2018); "Patricia Burke Brogans Eclipsed in Brazil: resonances and reflections" (Manchester University Press, cap. do livro Legacies of the Magdalen Laundries, 2021); Theatre and Commemoration (com Miriam Haughton e Pieter Verstraete, livro, Bloomsbury, 2022). É também tradutora, dramaturgista e diretora teatral.
Beatriz Kopschitz Bastos, Universidade Federal de Santa Catarina
Beatriz Kopschitz Bastos é membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Inglês da UFSC e vice-coordernadora do Núcleo de Estudos Irlandeses da UFSC. É mestre em Inglês pela Northwestern University e doutora em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês pela USP. Desenvolveu dois projetos de pós-doutorado na UFSC e foi pesquisadora visitante no Moore Institute da National University of Ireland Galway e no Humanities Institute de University College Dublin.  Suas publicações, como coeditora e organizadora, incluem: Ilha do Desterro 58 – Contemporary Irish Theatre (2010); a série bilíngue A Irlanda no cinema: roteiros e contextos críticos (2011-presente); Coleção Brian Friel (2013); Coleção Tom Murp hy (2019); Vidas irlandesas: o cinema de Alan Gilsenan em contexto (2019); Ilha do Desterro 73.2 – The Irish Theatrical Diaspora (2020); e Contemporary Irish Documentary Theatre (2020).

Referências

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Publicado
2022-08-04
Como Citar
Bezerra do Nascimento, C., Balduino Pires Fernandes, A., & Kopschitz Bastos, B. (2022). Aspectos culturais na tradução para o português de rings, de Rosaleen Mcdonagh. Revista Linguagem & Ensino, 25(1), 128-147. https://doi.org/10.15210/rle.v25i1.22183