Estratégias de (re)tradução do Fausto II de Goethe no Brasil à luz das ideias de Henri Meschonnic
Algumas observações
Resumo
O poeta, linguista e tradutor francês Henri Meschonnic (1932-2009) foi um importante teórico da Poética em geral e especificamente da Poética do Traduzir. Neste artigo, tento resumir os aspectos principais de sua teoria e prática da tradução, já que ele não só publicou (sozinho ou em colaboração) cerca de 40 livros nos âmbitos da Linguística, Estudos Culturais e Estudos da Tradução, como também, num período de quase 40 anos (1970-2008), traduziu 11 livros da Bíblia hebraica. Além disso, apresento as quatro traduções completas do Fausto II de Goethe em língua portuguesa e tento aplicar os princípios da Poética do Traduzir de Meschonnic ao comentário de três excertos das (re)traduções do Fausto II no Brasil, inclusive minha própria tradução.Referências
BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Ed. Hucitec, 1987 [1965].
BAUDELAIRE, C. Le spleen de Paris (Petits poèmes en prose). Publicado postumamente em 1869.
BENJAMIN, W. A tarefa do tradutor, de Walter Benjamin: quatro traduções para o português. Belo Horizonte: FALE-UFMG, 2008 [1923].
BENVENISTE, É. Problemas de linguística geral II. Campinas / São Paulo: Pontes, 1989.
BERMAN, A. La retraduction comme espace de la traduction. Paris: Palimpsestes, 1990.
CAMPOS, H. Da tradução como criação e como crítica. Rio de Janeiro: revista Tempo Brasileiro, n. 4-6, junho-setembro de 1963.
CAMPOS, H. Deus e o Diabo no Fausto de Goethe. São Paulo: Perspectiva, 1981 (reed. 2005).
FURLAN, M. Étienne Dolet e o modo de traduzir bem de uma língua a outra. Cadernos de Tradução, v. 1, n. 21. Florianópolis: PGET/UFSC, 2008.
GALLE, H. O homem sem memórias: nova edição comentada do Fausto II. Estudos Avançados, v. 21, n. 61. São Paulo: set./dez. 2007.
GENTZLER, E. Postcolonial Faust. Translation and rewriting in the age of post-translation studies. Londres / Nova York: Routledge, 2017.
GOETHE, J. W. Fausto. Poema dramático. Volume 2. Tradução de Flávio M. Quintiliano, acompanhada de 261 notas de rodapé. São Paulo: Círculo do Livro, 1982.
GOETHE, J. W. Fausto. Tradução, introdução e glossário de João Barrento. Lisboa, Relógio d’Água, 2ª ed. 2013.
GOETHE, J. W. Fausto. Uma tragédia. Segunda parte. Tradução de Jenny Klabin Segall. Trabalho pioneiro no Brasil, publicado em 1970 pela Ed. Martins de São Paulo e relançado pela Ed. Itatiaia de Belo Horizonte em 1981. Reedição mais recente pela Editora 34 de São Paulo: 2007, com apresentação, comentário e notas de Marcus Vinicius Mazzari.
GOETHE, J. W. Fausto: Uma tragédia de Goethe. Tradução de Agostinho d’Ornellas originalmente publicada em Lisboa, 1867. Reedição mais recente: São Paulo: Editora Martin Claret, 2016, com prefácio e notas de Daniela Kahn, doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP.
GOETHE, J. W. Sämtliche Werke in 18 Bänden. Edição das obras completas em 18 volumes conhecida como “Artemis-Gedenkausgabe” e coordenada por Ernst Beutler. Publicação original de 1949 (Zurique, Artemis-Verlags-AG), 2ª edição de 1961-66, consultada na edição de bolso de 1977 da Deutscher Taschenbuch Verlag (dtv). As várias versões do Fausto estão no Vol. 5, incluindo apêndices com esboços, fragmentos, comentários de Goethe em sua correspondência e aparato crítico dos editores.
HOUAISS, A. Grande dicionário Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Objetiva, 1ª ed. de 2001 e 3ª ed. de 2009. Inclui versão digital em CD-ROM.
MESCHONNIC, H. Propostas para uma poética da tradução. In: LADMIRAL, J-R. A tradução e os seus problemas. Trad. Luísa Azuaga. Lisboa: Edições 70, 1980. p. 79-87.
MESCHONNIC, H. La rime et la vie. Lagrasse: Éditions Verdier, 1990 e Paris: Gallimard, 2006.
MESCHONNIC, H. Traduire au XXIè siècle, in Quaderns. Revista de traducció, n. 15, Universitat Autònoma de Barcelona: 2008.
MESCHONNIC, H. Traduire: écrire ou désécrire, in Atelier de traduction: Pour une poétique du texte traduit, 2007, artigo apresentado em edição bilíngue sob o título Traduzir: escrever ou desescrever, com tradução de Claudia Borges de Faveri e Marie-Hélène Catherine Torres. Scientia Traductionis, n. 7. Florianópolis: PGET/UFSC, 2010.
MESCHONNIC, H. Crise du signe. Politique du rythme et théorie du langage. Consultado na edição bilíngue espanhol/francês com tradução de Guillermo Piña-Contreras. Santo Domingo: Comisión Permanente de la Feria del Libro, 2000.
MESCHONNIC, H. Critique du rythme. Lagrasse: Éditions Verdier, 1982.
MESCHONNIC, H. Ethics and politics of translating. Tradução e edição de Pier-Pascale Boulanger. Amsterdam / Philadelphia: John Benjamins Publishing Company, 2011. Original francês: Éthique et politique du traduire. Lagrasse: Éditions Verdier, 2007.
MESCHONNIC, H. Modernidade, modernidade. Trad. Lucius Provase. São Paulo: EDUSP, 2017.
MESCHONNIC, H. Poética do traduzir. Trad. Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. São Paulo: Perspectiva (Col. Estudos), 2010. Versão condensada (com o consentimento do autor) do original francês Poétique du traduire. Lagrasse: Éditions Verdier, 1999.
SANTANA-DEZMANN, V. e MILTON, J. O ‘make it new’ segundo Haroldo de Campos. Rio de Janeiro: Tradução em Revista, n. 20, PUC-Rio, 2016.
SCHAFARSCHIK, W. Lektüreschlüssel Faust II. Stuttgart: Reclam, 2009.
SCHULTE, H. et al. (orgs.). Goethe’s Faust. Theatre of Modernity. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.
VENUTI, L. The translator’s invisibility. A history of translation. Londres / Nova York: Routledge, 2ª ed. 2008.