Cantos de trabalho

um discurso entre a música e a fala

  • Bianca Czarnobai De Jorge
Palavras-chave: Canto de trabalho, Canto de marinheiro, Discurso, Fala, Música

Resumo

No presente artigo, investigo a possibilidade de se entender cantos de trabalho como atividades discursivas a partir de uma perspectiva poética e meschonniciana. Através da observação de cantos de marinheiro franceses e seu funcionamento, busco entender de que maneira esse gênero de canto se enquadra no escopo dos estudos de linguagem, o que se dá a partir da releitura e do deslocamento de conceitos que, mesmo em Meschonnic, nascem em Saussure e em Benveniste. Assim, proponho-me repensar noções como a de sistema, de ritmo e de discurso a fim de promover uma abertura que permita entender o sujeito inteiro na linguagem e a pluralidade de produções, o que viabiliza o entendimento de outras formas de constituir sistema e sentido.

Referências

AMARAL, A. Tradições populares. São Paulo: Instituto Progresso Editorial, 1948.
ANDRADE, M. Dicionário musical brasileiro. São Paulo: Itatiaia Edusp, 1989.
A VIRER! Chants et traditions du guindeau et du cabestan. Le Chasse-marée – la revue du monde maritime, Douarnenez, n. 40, 02 mar. 1989. Disponível em: https://www.chassemaree.com/a-virer-chants-et-traditions-du-guindeau-et-du-cabestan/. Acesso em: 10 mar. 2023.
BENVENISTE, E. Problemas de Linguística Geral I. Campinas: Pontes Editores, 2005.
BENVENISTE, E. Problemas de Linguística Geral II. Campinas: Pontes Editores, 2006.
CASCUDO, L. da C. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Global, 2001.
COULET, M.; COUILLOUD, N. Chants de marins: à la découverte d’une tradition vivante. Douarnenez: Chasse-Marée, 2003.
DESSONS, G. L’invention du discours. Paris: In press, 1993/2006.
DESSONS, G.; MESCHONNIC, H. Traité du rythme. Paris: Nathan/VUEF, 2003.
ÉDUTHÈQUE PHILARMONIE DE PARIS. Chant à virer au cabestan. Naviguant dans le port de nantes. [S. l.], [s.d.]. Disponível em: https://edutheque.philharmoniedeparis.fr/. Acesso em: 10 mar. 2023.
FRYDRYCH, L. A. K. A essência dupla da linguagem: materialidade gestual em questão. 2020. 163 f. Tese (Doutorado em Análises Textuais, Discursivas e Enunciativas) – Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2020.
HUGILL, S. Shanties and sailors’ songs. London: H. Jenkins, 1969.
MESCHONNIC, H. Critique du rythme. Lagrasse: Éditions Verdier, 1982.
MESCHONNIC, H. Dans le bois de la langue. Clichy: Corlevour Editions, 2008.
MESCHONNIC, H. La rime et la vie. Paris: Gallimard Folio Essais, 2006. MESCHONNIC, H. Les états de la poétique. Paris: PUF, 1985.
MESCHONNIC, H. Poétique du traduire. Lagrasse: Éditions Verdier, 1999.
MESCHONNIC, H. Politique du rythme, politique du sujet. Lagrasse: Éditions Verdier, 1995.
NEUMANN, D. Em busca de uma poética da voz. 2016. 173 f. Tese (Doutorado em Análises textuais e discursivas) – Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016.
OLIVEIRA, R. dos S. O signo multimodal: uma leitura saussuriana. 2022. 99 f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem com ênfase em Análises textuais, discursivas e enunciativas) – Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2022.
PATRIMOINE CULTUREL IMMATERIEL. Le chant de plein air des laboureurs (actes du colloque au pays de la Châtaigneraie). Vendée: Hartmann, 2012.
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2006.
Publicado
2023-11-14
Como Citar
Czarnobai De Jorge, B. (2023). Cantos de trabalho: um discurso entre a música e a fala. Revista Linguagem & Ensino, 26(2), 482-502. https://doi.org/10.15210/rle.v26i2.25675