Educação de surdos

da normalização ao plurilinguismo

  • Leonardo Peluso
  • Ana Cláudia Balieiro Lodi
Palavras-chave: Educação de surdos, Bilinguismo, Plurilinguismo, Translinguismo

Resumo

Neste trabalho, discutimos as políticas linguísticas e de ensino de língua desenvolvidas no âmbito da educação de surdos no Uruguai e no Brasil. É um artigo eminentemente teórico, e tem como objetivo caracterizar a escola da modernidade e sua política linguística monolíngue, a fim de mostrar como se organizou a educação de surdos a partir desse marco conceitual, político e metodológico. Assim, caracterizamos a escola da pós modernidade e sua política linguística plurilíngue e translíngue. Finalizamos mostrando a necessidade de que a educação de surdos migre da perspectiva bilíngue, tanto em seus fundamentos quanto em suas práticas, em direção à pluri/translíngue, que reconhece os estudantes surdos em suas identidades linguísticas e políticas.

Referências

ALTHUSSER, Louis. Ideología y Aparatos Ideológicos del Estado. Buenos Aires: Nueva Visión, 1988. BAKHTIN, Mikhail. Notas sobre a Literatura, Cultura e Ciências Humanas. São Paulo: Editora 34, 2017.
BAKHTIN, Mikhail. Teoria do Romance I: a Estilística. São Paulo: Editora 34, 2015.
BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 11, p. 89-117, 2013.
BARRIOS, Graciela. Language diversity and national unity in the history of Uruguay. In: DEL VALLE, José (Ed.). A Political History of Spanish: the making of a language. New York: Cambridge University Press, 2013. p. 197-211.
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean Claude. Las estrategias de la reproducción social. Buenos Aires: Siglo XXI, 2011.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica. Parecer CNE/CEB nº 2/2020, aprovado em 9 de julho de 2020 - Diretrizes Curriculares Nacionais para a oferta de Educação Plurilíngue. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=156861pceb002-20&category_slug=setembro-2020-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 12 jun. 2023.
BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro, 1834. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm. Acesso em: 12 jun. 2023.
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm. Acesso em: 12 jun. 2023.
BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. 2014a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 12 jun. 2023.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 12 jun. 2023.
BRASIL. Lei nº 14.191, de 03 de agosto de 2021. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para dispor sobre a modalidade de educação bilíngue de surdos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20192022/2021/Lei/L14191.htm#art2. Acesso em: 12 jun. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Relatório do Grupo de Trabalho, designado pelas Portarias nº 1.060/2013 e nº 91/2013, contendo subsídios para a Política Linguística de Educação Bilingue - Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa. 2014b. Disponível em: https://educacao.sme.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/Portals/1/Files/20282.pdf. Acesso em: 12 jun. 2023.
CONGRESSO DE MILÃO. Atas. Série Histórica, v. 2. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Educação de Surdos, 2011.
CONSEJO DE EUROPA/DIVISIÓN DE POLÍTICAS LINGÜÍSTICAS. Marco Común Europeo de Referencia para las Lenguas: aprendizaje, enseñanza, evaluación. Madrid: Instituto Cervantes, 2002. Disponível em: https://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/marco/cvc_mer.pdf. Acesso em: 12 jun. 2023.
CONSEJO DE EUROPA/DIVISIÓN DE POLÍTICAS LINGÜÍSTICAS. Marco Común Europeo de Referencia para las Lenguas: aprendizaje, enseñanza, evaluación. Volumen Complementario. Madrid: Instituto Cervantes, 2022. Disponível em: https://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/marco_complementario/mcer_volumencomplementario.pdf. Acesso em: 12 jun. 2023.
CONSEJO NACIONAL DE EDUCACIÓN/CONSEJO DE EDUCACIÓN PRIMARIA. Propuesta para la implementación de la educación bilingüe en el sordo. Montevideo - Uruguay. Diciembre de 1987. LSI. Lengua de Señas e Interpretación, n. 4, p. 119-121, 2013.
DE LEÓN, Adriana; LARRINAGA, Juan Andrés; PELUSO, Leonardo; SILVEIRA, Mariana. Progresiones de aprendizaje en el dominio lingüístico-discursivo para estudiantes sordos. In: ADMINISTRACIÓN NACIONAL DE EDUCACIÓN PÚBLICA. Marco curricular de referencia nacional - MCRN. Desarrollo del pensamiento cultural y sus mediaciones. Progresiones de Aprendizaje. Montevideo: Documento oficial, p. 45-69/78-89, 2019. Disponível em: https://mcrn.anep.edu.uy/node/56. Acesso em: 12 jun. 2023.
DE SOUSA SANTOS, Boaventura; MENESES, María Paula. Epistemologias do Sul. Madrid: Akal, 2009.
DEL VALLE, José. La lengua, patria común: la hispanofonía y el nacionalismo panhispánico. In: DEL VALLE, José (Ed.). La lengua, ¿patria común? Ideas e ideologías del español. Madrid: Vervuert-Iberoamericana, 2007. p. 31-56.
ERTING, Carol. Deafness, communication and social identity: an anthropological analysis of interaction among parents, teachers, and deaf children in a preschool. 1982. 600 f. Tese (Doutorado em Filosofia na Antropologia) - Faculdade de Artes e Ciências da American University, The American University, Washington, EUA, 1982.
FAIRCLOUGH, Norman. Language and power. New York: Longman, 1993. FERNÁNDEZ, Francisco Moreno. Interculturalidad y lengua española. Anuario 2019. Madrid: Instituto Cervantes, 2019. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1992.
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade: e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975. FUSTES, Juan Manuel. Panorama de las Normas Jurídicas Uruguayas con Consecuencias Político-Lingüísticas. In: ADMINISTRACIÓN NACIONAL DE ENSEÑANZA PÚBLICA - CONSEJO DIRECTIVO CENTRAL. Documentos e Informes Técnicos de la Comisión de Políticas Lingüísticas en la Educación Pública. Montevideo, 2008. p. 414-442.
GARCIA, Ofelia; WEI, Li. Translanguaging: language, bilingualism and education. New York: Palgrave Macmillan, 2014. HONNETH, Axel. La lucha por el reconocimiento: por una gramática moral de los conflictos sociales. 1 ed. Barcelona: Crítica, 1997.
LANDER, Edgardo (Org.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: Ediciones CICCUS, 2011. LEOZ, Gladys. Habitar las instituciones en tiempos de fluidez. In: TABORDA, Alejandra; LEOZ, Gladys; DUEÑAS, Gabriela (Orgs.). Paradojas que habitan las instituciones educativas en tiempo de fluidez. San Luis: Nueva Editorial Universitaria, 2012. p. 17-28.
LODI, Ana Claudia Balieiro. Gêneros do discurso em Libras na esfera literária. In: MARTINS, Vanessa R. de Oliveira; TORRES, Regina Célia; NICHOLS, Guilherme (Orgs.). #CasaLibras - Educação de surdos, Libras e infância: ações de resistências educativas na pandemia da Covid19. São Carlos: Pedro & João, 2022. E-book. p. 129-142. Disponível em: https://pedroejoaoeditores.com.br/2022/wp-content/uploads/2022/06/Ebook-CasaLibras1.pdf. Acesso em: 12 jun. 2023.
MEGALE, Antonieta (Org.). Educação Bilingue no Brasil. São Paulo: Santillana, 2019.
MIZUKAMI, Adriana C. Que bilinguismo é esse? Concepções presentes no Projeto PolíticoPedagógico de escolas que se autodenominam bilíngues. 2020. 140 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-graduação em Educação, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2020.
MONTEAGUDO, Henrique. A invenção do monolinguismo e da língua nacional. Gragoatá, v. 17, n. 32, p. 43-53, 2012.
OROÑO, Mariela. El lenguaje en la construcción de la identidad nacional: los libros escolares de lectura de Vásquez Acevedo, Figueira y Abadie-Zarrilli. Montevideo: Tradinco, 2016.
PELUSO, Leonardo. La escritura y los sordos - Entre representar, registrar/grabar, describir y computar. Montevideo: Universidad de la República/Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación/Área de Estudios Sordos, 2020.
QUIJANO, Anibal. Dom Quixote e os moinhos de vento na América Latina. Estudos Avançados, v. 19, n. 55, p. 9-31, 2005.
RAJAGOPALAN, Kanavillil. Por uma lingüística crítica: linguagem, identidade e questão ética. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
RENAN, Ernest. Qu’est-ce qu’une nation? Paris: Calmann Lévy, 1882.
STOKOE, William. Sign Language Structure: An outline of the Visual Communication System of the American Deaf. New York: University of Buffalo Press, 1960.
TABORDA, Alejandra; PIOLA, Belén. Prólogo. In: TABORDA, Alejandra; LEOZ, Gladys; DUEÑAS, Gabriela (Orgs.). Paradojas que habitan las instituciones educativas en tiempo de fluidez. San Luis: Nueva Editorial Universitaria, 2012. p. 9-16.
URUGUAY. Ley No. 18.437: Ley General de Educación. Montevideo: IMPO, 2008/2009. Disponível em: https://parlamento.gub.uy/documentosyleyes/leyes/ley/18437. Acesso em: 12 jun. 2023. VOLÓCHINOV, Valentin. Marxismo e Filosofia da Linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Editora 34, 2017.
Publicado
2023-11-16
Como Citar
Peluso, L., & Cláudia Balieiro Lodi, A. (2023). Educação de surdos: da normalização ao plurilinguismo. Revista Linguagem & Ensino, 26(1), 36-51. Recuperado de https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/rle/article/view/25697