“As coisas significam alguma coisa?”

Sobre as limitações do arbitrário do signo

Resumo

O presente artigo apresenta uma reflexão sobre o conceito de arbitrário do signo linguístico. Para tanto, toma como ponto de partida a noção benvenistiana de Aparelho Formal da Enunciação, dando especial destaque para as categorias de pessoa, tempo e espaço. Ao analisar essas categorias em recortes oriundos do campo da literatura e do cinema, busca-se empreender um questionamento acerca do estatuto teórico-metodológico do objeto de uma linguística que pressupõe a experiência do falante-ouvinte. Os desdobramentos dessa questão passam pela revisão dos estudos já conhecidos sobre o tema do arbitrário, acompanham alguns deslocamentos teóricos operados no campo e, finalmente, tentam avançar até uma interrogação sobre os limites dessa importante noção-chave da linguística saussuriana.

Biografia do Autor

Luiza Milano, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Professora do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professora e orientadora do Programa de Pós-graduação em Letras da mesma Universidade.

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Publicado
2020-08-19
Como Citar
Milano, L. (2020). “As coisas significam alguma coisa?”: Sobre as limitações do arbitrário do signo. Revista Linguagem & Ensino, 23(3), 828-837. https://doi.org/10.15210/rle.v23i3.17567