“As coisas significam alguma coisa?”
Sobre as limitações do arbitrário do signo
Resumo
O presente artigo apresenta uma reflexão sobre o conceito de arbitrário do signo linguístico. Para tanto, toma como ponto de partida a noção benvenistiana de Aparelho Formal da Enunciação, dando especial destaque para as categorias de pessoa, tempo e espaço. Ao analisar essas categorias em recortes oriundos do campo da literatura e do cinema, busca-se empreender um questionamento acerca do estatuto teórico-metodológico do objeto de uma linguística que pressupõe a experiência do falante-ouvinte. Os desdobramentos dessa questão passam pela revisão dos estudos já conhecidos sobre o tema do arbitrário, acompanham alguns deslocamentos teóricos operados no campo e, finalmente, tentam avançar até uma interrogação sobre os limites dessa importante noção-chave da linguística saussuriana.Referências
AQUARIUS. Direção: Kleber Mendonça Filho. Produção Globo Filmes. Brasil, 2016.
BACURAU. Direção: Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Produção Globo Filmes. Brasil, 2019.
BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral I. Tradução: Maria da Gloria Novak; Maria Luiza Neri. Campinas: Pontes, 1991.
BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral II. Tradução: Eduardo Guimarães. Campinas: Pontes, 1989.
CHOI, Yong-Ho. Le problème du temps chez Ferdinand de Saussure. Paris: L’Harmattan, 2002.
DELEUZE, Gilles. Em que se pode reconhecer o estruturalismo? Tradução: Hilton F. Japiassú. In: A ilha deserta. São Paulo: Iluminuras, 2010.
DUFOUR, Dany-Robert. Os mistérios da trindade. Tradução: Dulce Duque Estrada. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2000.
EDIFÍCIO MASTER. Direção: Eduardo Coutinho. Produção VideoFilmes. Brasil, 2002.
ENGLER, Rudolf. Théorie et critique d’un principe sausuriene: l’arbitraire du signe. Cahiers Ferdinand de Saussure, n. 19. Genebra: Droz, 1962.
ERA O HOTEL CAMBRIDGE. Direção: Eliane Caffé. Produção Aurora Filmes. Brasil, 2016.
HER. Direção: Spike Jonze. Produção Annapurna Pictures. Estados Unidos, 2013.
JOSEPH, John. Iconicity in Saussure's Linguistic Work, and why it does not contradict the arbitrariness of the sign. Historiographia Linguistica, Amsterdam, v. 42, p. 85-105, 2015. https://doi.org/10.1075/hl.42.1.05jos
LÉVY, Pierre. A esfera semântica: computação, cognição, economia da informação. Tradução: Valério Campos. São Paulo: Annablume Editora, 2014.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. Tradução: Carlos Alberto Ribeiro de Moura. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
MILANO, Luiza. A noção de estrutura em linguística: uma impactante (e decisiva) repercussão. Revista Desenredo, Passo Fundo, v. 14, n. 3, p. 457-468, 2018. https://doi.org/10.5335/rdes.v14i3.8555
MILANO, Luiza. Leitura em voz alta compartilhada: a alteridade como espaço de escuta. 2019, no prelo.
MILANO, Luiza. O sertão em voz alta. Signo, Santa Cruz do Sul, v. 42, n. 74, p. 76-83, 2017. https://doi.org/10.17058/signo.v42i74.8677
MILANO, Luiza; FLORES, Valdir do Nascimento. Os sentidos da voz e a definição do humano. Jornal Zero Hora, Porto Alegre, p. 8C, 12 abr. 2014.
PESSOA, Fernando. Livro do desassossego. Organização: Richard Zenith. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
PIRSIG, Robert. Zen e a arte da manutenção de motocicletas: uma investigação sobre os valores. Tradução: Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2015.
PLATÃO. Crátilo (ou da correção dos nomes). In: Diálogos. Tradução: Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2010.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. Organização por Charles Bally e Albert Sechehaye; colaboração de Albert Riedlinger. Tradução: Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. São Paulo: Cultrix, 1974.
SAUSSURE, Ferdinand de. Escritos de Linguística Geral. Organização e edição por Simon Bouquet e Rudolf Engler. Tradução: Carlos Augusto Leuba Salum e Ana Lúcia Franco. São Paulo: Cultrix, 2004.
VELOSO, Caetano. Língua. In: Velô. Brasil: Philips, 1984. LP (34,31 min).
WHITNEY, William. A vida da linguagem. Tradução: Marcio Alexandre Cruz. Petrópolis: Vozes, 2010.