Políticas linguísticas familiares em contexto de línguas minoritárias

Palavras-chave: Políticas linguísticas familiares, Línguas minoritárias, Preconceito Linguístico

Resumo

Neste artigo, apresentaremos resultados de uma pesquisa desenvolvida com indivíduos bilíngues que falam uma língua considerada “minoritária” como uma de suas línguas maternas. Os participantes da pesquisa responderam a um questionário ou a uma entrevista sobre suas práticas linguísticas no âmbito do lar, que visavam a coletar dados sobre as políticas linguísticas familiares (KING; FOGLE; LOGANTERRY, 2008; SPOLSKY, 2012) estabelecidas nesse contexto e as ideologias que regem essas práticas. Partimos do pressuposto de que as ideologias linguísticas (SPOLSKY, 2004; 2012) desses falantes poderiam estar sob influência de mitos e concepções que conferem à língua minoritária um status negativo, cercado de preconceito linguístico. Apresentaremos, aqui, resultados referentes a cinco participantes da pesquisa, falantes de línguas minoritárias, que foram analisados de forma qualitativa, para desvelar suas ideologias linguísticas.

Biografia do Autor

Isabella Mozzillo, Universidade Federal de Pelotas - UFPel
Professora Titular do Centro de Letras e Comunicação da UFPel. Atua na Licenciatura em Letras - Português e Francês e no Programa de Pós-Graduação em Letras.
Karen Pupp Spinassé, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Professora Associada (nível 3) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua na Graduação em Letras Português-Alemão e na Pós-Graduação, nas Linhas de Linguística Aplicada e de Sociolinguística.

Referências

ALTENHOFEN, Cléo V. Política lingüística, mitos e concepções lingüísticas em áreas bilíngües de imigrantes (alemães) no Brasil. Revista Internacional de Lingüística Iberoamericana (RILI), Frankfurt, n. 1(3), p. 83-93, 2004.

ALTENHOFEN, C. V.; MORELLO, R. Rumos e perspectivas das políticas linguísticas para línguas minoritárias no Brasil: entre a perda e o inventário de línguas. In: FARENZENA, N. (Org). VI Encontro internacional de investigadores de políticas linguísticas. Porto Alegre: UFRGS, 2013. p. 19-26.

ALTENHOFEN, C. V. et al. Fundamentos para uma escrita do Hunsrückisch falado no Brasil. Revista Contingentia, v. 2, p. 73-87, 2007.

BALDIN, N.; MUNHOZ, E. Snowball (bola de neve): uma técnica metodológica para pesquisa em educação ambiental comunitária. In: ANAIS DO X CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2011, Curitiba. Anais... Curitiba, 2011. p. 329-341.

BLOOMFIELD, L. Language. New York: Holt, Rinehart & Winston, 1933.

BOAS, H. C.; FINGERHUTH, M. “I am proud of my language but I speak it less and less!” – Der Einfluss von Spracheinstellungen und Sprachgebrauch auf den Spracherhalt von Heritage-Sprechern des Texasdeutschen. Linguistische Berichte, n. 249, p. 95-121, 2017.

BORUCHOWSKI, I. D.; LICO, A. L. Como manter e desenvolver o português como língua de herança: sugestões para quem mora fora do Brasil. Miami: MUST University; Consulado Geral do Brasil em Miami, 2016.

BOURDIEU, P. L'économie des échanges linguistiques. Langue Française, Paris, n. 34 (Linguistique et sociolinguistique), p. 17-34, 1977. https://doi.org/10.3406/lfr.1977.4815

BRANDÃO, S. M. Mercado linguístico: uma interpretação da imbricada relação estrutura linguística e estrutura social. Linguagem: Estudos e Pesquisas, Catalão (GO), v. 21, n. 1, p. 225-255, 2017. https://doi.org/10.5216/lep.v21i1.52283

CALVET, L.-J. Sociolinguística: uma introdução crítica. São Paulo: Parábola Editorial, 2002.

CALVET, L.-J. As políticas linguísticas. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

CAVALCANTI, M. C. Estudos sobre educação bilíngüe e escolarização em contextos de minorias lingüísticas no Brasil. D.E.L.T.A., São Paulo, v. 15, n. especial, p. 385-417, 1999. https://doi.org/10.1590/S0102-44501999000300015

DA SILVA, E. Sociolinguistic tensions in the Portuguese/Lusophone community of Toronto, Canada. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.) Global Portuguese: Linguistic ideologies in late modernity. Londres: Routledge, 2015. p. 125-143.

DEPREZ, C.; VARRO, G.; COLLET, B. Introduction. Langage & société. Familles plurilingues dans le monde. Mixités conjugales et transmission des langues, Paris, n. 147, 2014. p. 7-22. https://doi.org/10.3917/ls.147.0007

DREHER, M. N. Os 180 anos da Imigração Alemã. In: ARENDT, I. C.; WITT, M. A. (Org.). História, cultura e memória: 180 anos de imigração alemã. São Leopoldo: OIKOS, 2005. p. 123-135.

ELLIS, Rod. Understanding Second Language Acquisition. Oxford: Oxford University Press, 1995.

FINGER, L. Contexto multilíngüe: conduta avaliativa e atitudes lingüísticas. A influência de crenças e políticas. Revista Contingentia, Porto Alegre, v. 3, n. 1, p. 69-77, 2008.

FISHMAN, J. A. Bilingualism with and without Diglossia; Diglossia with and without Bilingualism. Journal of Social Issues, New York, v. 23, n. 2, p. 29-38, 1967. https://doi.org/10.1111/j.1540-4560.1967.tb00573.x

FLORES, C.; MELO-PFEIFER, S. O conceito "Língua de Herança” na perspectiva da Linguística e da Didática de Línguas: considerações pluridisciplinares em torno do perfil linguístico das crianças lusodescendentes na Alemanha. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 8, n. 3, p. 16-45, 2014. https://doi.org/10.14393/DLesp-v8n3a2014-3

FRITZEN, M. P. Desafios para a educação em contexto bilíngue (alemão/português) de língua minoritária. Educação Unisinos, v. 16, n. 2, p. 161-168, 2012. https://doi.org/10.4013/edu.2012.162.08

FRITZEN, M. P. Ich spreche anders, aber das ist auch deutsch: línguas em conflito em uma escola rural localizada em zona de imigração no sul do Brasil. Trabalhos de Linguística Aplicada, Campinas, v. 47, n. 2, p. 341-356, 2008. https://doi.org/10.1590/S0103-18132008000200005

GENESEE, F. What do we know about: bilingual education for majority language students? In: BHATIA, T. K.; RITCHIE, W. C. (Org.). The Handbook of bilingualism. Oxford: Blackwell Publishing, 2004. p. 547-576. https://doi.org/10.1002/9780470756997.ch21

HILGEMANN, C. M. Mitos e concepções linguísticas do professor em contextos multilíngües. 2004. 159 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

JOHANNESSEN, J. B; SALMONS, J. The study of Germanic heritage languages in the Americas. In: JOHANNESSEN, J. B; SALMONS, J. (Org.) The study of Germanic heritage languages in North America: acquisition, attrition and change. Amsterdam: John Benjamins, 2015. p. 1-20. https://doi.org/10.1075/silv.18.001int

KING, K. A.; FOGLE, L.; LOGAN-TERRY, A. Family Language Policy. Language and Linguistics Compass, v. 2, n. 5, p. 907-922, 2008. https://doi.org/10.1111/j.1749-818X.2008.00076.x

MACKEY, W. F. Bilingualism and multilingualism in North America. In: BHATIA, T. K.; RITCHIE, W. C. (Org.). The Handbook of Bilingualism and Multilingualism. 2. ed. Malden/MA: Wiley-Blackwell, 2013. p. 707-724. https://doi.org/10.1002/9781118332382.ch28

MACKEY, W. F. The description of bilingualism. In: FISHMAN, J. A. (Org.). Readings in the sociology of language. 3. ed. The Hague: Mouton, 1972. p. 554-584. https://doi.org/10.1515/9783110805376.554

MARIANI, B. S. C. Entre a evidência e o absurdo: sobre o preconceito linguístico. Cadernos de Letras da UFF, Niterói, v. 36, p. 27-44, 2008.

MARTINY, F. M. Atitudes linguísticas em torno da língua de imigração e a sua (não) transmissão. Entrepalavras, Fortaleza, v. 7, p. 297-313, 2017. https://doi.org/10.22168/2237-6321.7.7.2.297-313

MCLAUGHLIN, B. Second language acquisition in childhood. Hillsdale/N.J.: Erlbaum, 1984.

MEGALE, A. H. Bilingüismo e educação bilíngüe – discutindo conceitos. Revista Virtual de Estudos da Linguagem (ReVEL), v. 3, n. 5, p. 1-13, 2005.

MEISEL, J. M. The bilingual child. In: BHATIA, T. K.; RITCHIE, W. C. (Org.). The Handbook of Bilingualism. Oxford: Blackwell Publishing, 2004. p. 91-113.

MOZZILLO, I. A conversação bilíngüe dentro e fora da sala de aula de língua estrangeira. In: HAMMES, W.; VETROMILLE-CASTRO, R. (Org.) Transformando a sala de aula, transformando o mundo: ensino e pesquisa em língua estrangeira. Pelotas: Educat, 2001. p. 287-324.

MOZZILLO, I. Algumas considerações sobre o bilinguismo infantil. Veredas (on-line), Juiz de Fora, v. 19, n. 1, p. 147-157, 2015.

OLIVEIRA, G. M. (org.). Declaração Universal dos Direitos Lingüísticos. Campinas, SP: IPOL/Mercado das Letras, 2003.

PUPP SPINASSÉ, K. Os conceitos de língua materna, segunda língua e língua estrangeira e os falantes de línguas alóctones minoritárias no sul do Brasil. Revista Contingentia, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 01-10, 2006.

PUPP SPINASSÉ, K. Fazendo política linguística em sala de aula: ações didático-pedagógicas pela manutenção da língua minoritária Hunsrückisch. Revista Virtual de Estudos da Linguagem - ReVEL, v. 14, n. 26, p. 103-119, 2016.

PUPP SPINASSÉ, K. Língua materna, língua estrangeira, língua adicional e as suas relações em um contexto multilíngue do Brasil. In: SILVA, C. L. C.; DEL RÉ, A.; CAVALCANTE, M. C. B. (Org.). A criança na/com a linguagem: saberes em contraponto. Porto Alegre: Instituto de Letras UFRGS, 2017a. p. 223-235.

PUPP SPINASSÉ, K. Contribuição do português para a constituição lexical do Hunsrückisch em situação de contato linguístico. Revista Linguística, Rio de Janeiro, v. 3, n. 13, 2017b. p. 94-109.

https://doi.org/10.31513/linguistica.2017.v13n3a16385

ROMAINE, S. Bilingualism. 2. ed. Oxford: Blackwell, 1995.

SAUNDERS, G. Bilingual Children: From Birth to Teens. Clevedon: Multilingual Matters, 1988.

SAVEDRA, M. M. G.; MAZZELLI-RODRIGUES, L. A língua pomerana em percurso histórico brasileiro: uma variedade (neo)autóctone. Working Papers em Linguística, Florianópolis, v. 18, n. 1, p. 6-22, 2017. https://doi.org/10.5007/1984-8420.2017v18n1p6

SCHNEIDER, M. N. Atitudes e concepções linguísticas e sua relação com as práticas sociais de professores em comunidades bilíngues alemão-português do Rio Grande do Sul. 2007. 286 f. Tese (Doutorado em Letras). – Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.

SCHWARTZ, M.; VERSCHIK, A. Achieving Success in Family Language Policy: Parents, Children and Educators in Interaction. In: SCHWARTZ, M.; VERSCHIK, A. Successful Family Language Policy: Parents, Children and Educators in Interaction. New York, London: Springer, 2013. p. 1-20. https://doi.org/10.1007/978-94-007-7753-8_1

SELINKER, Larry. Interlanguage. International Review of Applied Linguistics, Boston, v. 10, p. 209-232, 1972. https://doi.org/10.1515/iral.1972.10.1-4.209

SILVA, E. R. da. A pesquisa em política linguística no Brasil: contribuições dos estudos sobre crenças e ensino/aprendizagem de línguas. In: ANAIS DO XVII CONGRESO INTERNACIONAL DE LA ASOCIACIÓN DE LINGÜÍSTICA Y FILOLOGÍA DE AMÉRICA LATINA (ALFAL), 2014, João Pessoa. Anais... João Pessoa, 2014. p. 1356-1365.

SPOLSKY, B. Family language policy–the critical domain. Journal of Multilingual and Multicultural Development, v. 33, n. 1, p. 3-11, 2012. https://doi.org/10.1080/01434632.2011.638072

SPOLSKY, B. Language Policy. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.

Publicado
2020-11-06
Como Citar
Mozzillo, I., & Pupp Spinassé, K. (2020). Políticas linguísticas familiares em contexto de línguas minoritárias. Revista Linguagem & Ensino, 23(4), 1297-1316. https://doi.org/10.15210/rle.v23i4.18521