Indo além da estrangeirização/domesticação dicotómica em tradução da poesia visual

Palavras-chave: Poesia visual, Estrangeirização-domesticação, Além da dicotomia, Tradução literária.

Resumo

Estrangeirização/domesticação tem sido uma discussão recorrente no âmbito dos Estudos de Tradução, sobre a qual estudiosos importantes como Schleiermacher (1813, apud LEFEVERE, 1992), Nida (1964), Newmark (1981), Venuti (1992; 1995) formularam conceitos de modelo binário. Sob a forte influência da dicotomia, a complexidade da questão tende a ser ignorada, ficando cada vez mais distante da posição do próprio tradutor como sujeito de estratégias de tradução. Portanto, o nosso trabalho tem como objetivo trazer uma discussão a respeito da insuficiência da abordagem estrangeirização/domesticação na tradução de poesia visual, sobretudo do ponto de vista do tradutor. Estruturamos o trabalho em 4 seções destinadas a apresentar observações e questionamentos durante o nosso processo de tradução do português para o chinês. A reflexão sobre a dicotomia nos exemplos de tradução reais acabou por mostrar que a estratégia da estrangeirização/domesticação não foi viável na nossa prática, nem é inerente à tarefa de todos os tradutores. Tal discussãoé necessária e até urgente para objetos complexos e menos estudados no âmbito da tradução como a poesia visual.

Biografia do Autor

Sida Lang, Universidade de Macau
Tradutora; Doutoranda em Estudos Literários e Interculturais do Departamento de Português da Universidade de Macau

Referências

AZEREDO, R. et al. Antologia Noigandres 5: do verso à poesia concreta. São Paulo: Massao Ohno, 1962.

BARROS, A. Urban Life _Ar. Disponível em: https://po-ex.net/taxonomia/materialidades/tridimensionais/antonio-barros-urban-life-ar/. Acesso em: 10 dez. 2021.

CAMPOS, A. D. Luxo. São Paulo: edição do autor, 1965. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa2884/augusto-de-campos. Acesso em: 08 dez. 2021.

CAMPOS, H. D. Da tradução como criação e como crítica. In: QUEIROZ, S. et al. (orgs.). Da Transcriação poética e semiótica da operação tradutora. Belo Horizonte: Viva voz, 2011. p.31-46.

CAMPOS, H. D. Olho por olho a olho nu. In: CAMPOS, A. D.; CAMPOS, H. D.; PIGNATARI, D. Teoria da poesia concreta: textos críticos e manifestos 1950-1960, 4. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2006. p. 73-76.

CLÜVER, C. Intermidialidade. Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes da Escola de Belas Artes da UFMG, Belo Horizonte, v. 1, n. 2, p. 8-23, 2011.

DUARTE, J. F. Trusting translation. Anglo-Saxonica, III Série, n. 3, p. 17-38, 2012.

HATHERLY, A.; MELO E CASTRO, E. M. PO.EX: Textos Teóricos e Documentos da Poesia Experimental Portuguesa. Lisboa: Moraes, 1981.

HOLMES, J. S. Translated! Papers on Literary Translation and Translation Studies. Amsterdam: Rodopi, 1988.

HOUSE, J. Translation Quality Assessment: A Model Revisited. Tübingen: Gunter Narr Verlag, 1997.

JATOBÁ, J. Poética do Traduzir a, na e para a China. Cadernos de Tradução, v. 39, n. esp., p. 120-147, 2019.

JAUSS, H. R. A história da literatura como provocação à teoria literária. São Paulo: Ática, 1994.

LANG, S. D. 保罗·莱明斯基的诗/ Poemas de Paulo Leminski. Chinese-Western Poetry. n. 1, p. 85-92, 2019.

LANG, S. D.; SUN, Y. Q. Estranhamento como Estratégia de Tradução: Categorização do Estranhamento na Poesia Leminskiana e a sua Recriação na Língua Chinesa. Cadernos de Tradução, v. 40, n. 3, p. 154-186, 2020.

LEMINSKI, P. Toda Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

LU, X. “题未定”草. In: Associação de Tradutores Chineses (Org.). 翻译研究论文集1894-1948. Beijing: Foreign Language Teaching and Research Press, 1984. p. 244-250.

MENEZES, P. 4 Achados Construídos. Arte – Ana Aly. São Paulo: Edição do autor, 1980.

NEWMARK, P. Approaches to Translation. Oxford: Pergamon, 1981.

NIDA, E. Toward a Science of Translating. Leiden: E. J. Brill, 1964.

NIDA, E.; TABER, C. R. Theory and Practice of Translation. Leiden: Brill, 1982.

PYM, A. Schleiermacher and the problem of Blendlinge. Translation and literature, v. 4, n. 1, p. 5-30, 1995.

ROBINSON, D. Western translation theory from Herodotus Nietzsche. Manchester: St. Jerome, 1997.

SCHLEIERMACHER, F. On the differents methods of translating. In: LEFEVERE, A et al. (Org.). Translation/ History/ Culture: a sourcebook. Londres e Nova York: Routledge, 1992.

SNELL-HORNBY, M. A “estrangeirização” de Venuti: o legado de Friedrich Schleiermacher aos Estudos da Tradução?. Pandaemonium, v. 15, n. 19, 2012, p. 185-212.

VENUTI, L. Rethinking Translation: Discourse, Subjectivity, Ideology. London and New York: Routledge, 1992.

VENUTI, L. The Translator’s Invisibility. London: Routledge, 1995.

WANG, J. Y. 也谈翻译中的“归化”与“保留异国情调”. 山东外语教学, n. 3-4, 1994, p. 124-127.

Publicado
2022-08-04
Como Citar
Lang, S. (2022). Indo além da estrangeirização/domesticação dicotómica em tradução da poesia visual. Revista Linguagem & Ensino, 25(1), 251-266. https://doi.org/10.15210/rle.v25i1.22186