v. 11 (2005)
Durante o VII Encontro Estadual de História da ANPUH, em Pelotas, em 2004, foi realizada uma reunião de pesquisadores, cujas preocupações giravam em torno da saúde e da doença, na qual se decidiu pela formação de um Grupo de Trabalho Nacional denominado “História e Saúde” e pela organização de um número da “História em Revista”, com este tema, em um dossiê especial.A organização desse dossiê foi muito fácil, pois recebemos uma significativa quantidade de artigos, os quais foram responsáveis pela revista ter ultrapassado seu número normal de páginas. Desses, selecionamos aqueles mais adequados ao nosso propósito, que aqui entregamos com alegria aos leitores.Assim, nas páginas seguintes os leitores poderão apreciar a contribuição de pesquisadores como Nikelen Acosta Witter (Coordenadora do GT Nacional) que escreveu sobre a história da doença no RS entre os séculos XVIII e XIX, apontando para o fato de que havia uma espécie de idealização do ambiente do Estado, embora a presença de inúmeras e mais diferentes doenças.Já André Luiz Vieira de Campos, estudou o Serviço Especial de Saúde Pública, uma agência brasileiro-americana, criada em 1942, com o objetivo de propor novas políticas sanitárias para determinadas regiões brasileiras e que atuou fortemente como instrumento de expansão da autoridade pública, especialmente nos sertões.Com relação à lepra, Juliane Conceição Primon Serres centrou sua abordagem nos discursos e nas práticas sobre a doença, enfatizando a campanha contra a moléstia no Rio Grande do Sul, a partir do trabalho desenvolvido no Hospital Colônia Itapuã.Outros artigos trataram principalmente da relação da doença com o conjunto da população atingida, como o de Viviane Trindade Borges, cuja temática baseia-se em experiências de história oral com pacientes portadores de sofrimento psíquico internados em Viamão/RS e o de Lorena Almeida Gill, uma discussão sobre a existência de várias epidemias na cidade de Pelotas (RS) e de uma em especial, a tuberculose, causadora de um contingente impressionante de mortes.Também houve análises buscando a relação das práticas de medicina com a tolerância social, como a de Sandra da Silva Carelli, que tratou da construção da idéia de maternidade e aborto provocado, utilizando-se da imprensa rio-grandense entre 1850 e 1919; outro artigo versou sobre enfermidade e cura nas reduções jesuítico-guaranis, no século XVII – na pesquisa de Eliane Cristina Deckmann Fleck, com a análise das mudanças nas práticas mágico-terapêuticas dos guaranis, tendo em vista a convivência com missionários jesuítas.Na seção “Instrumentos de Trabalho” publica-se uma coleção de três artigos denominados “Em favor dos operários – casas baratas”, publicado no jornal diário pelotense vinculado à maçonaria, A Tribuna, de 1911. Tal material possibilita discutir sobre a habitação dos mais pobres a partir da freqüente dicotomia cortiços X vilas operárias.Na seção resenhas, se continuou a discussão do mesmo tema, pois Sidney Gonçalves Vieira apresentou “Visões do Feminino: a medicina da mulher nos séculos XIX e XX”, de Ana Paula Vosne Martins, que apoiada em uma metodologia foucaultiana, discorre sobre as várias representações sobre o corpo feminino no transcorrer do tempo.Esperando ter cumprido com a tarefa de traçar um breve panorama das pesquisas atualmente em curso nesta área, resta desejar a todos, uma ótima leitura.
Publicado:
2017-07-05