Das dúvidas da interlocução: a quem se dirige um plano político pedagógico?

  • Cristina Pimentel Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
  • Vera Lúcia de A. Sant'anna Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
Palavras-chave: trabalho do professor, gênero de discurso, discurso relatado, linguagem e trabalho

Resumo

Este estudo propõe-se analisar discursivamente um plano político pedagógico (PPP) do ensino fundamental de um município do Estado do Rio de Janeiro, a fim de identificar sentidos atribuídos a trabalho do professor. Essa análise filia-se a pesquisas que aproximam linguagem e mundo do trabalho, em particular as voltadas para escritos do trabalho. A partir de diferentes marcas de discurso relatado, foram selecionados fragmentos do PPP, a fim de identificar vozes trazidas a compor sentidos atribuídos a trabalho do professor, tais como trechos de leis, documentos de caráter normativo, citação de autores de textos teórico-acadêmicos, e fragmentos dos relatos de escolas municipais. Os resultados apontam que esse PPP participa de um movimento discursivo de construção da centralidade da escola e do correspondente apagamento do trabalho do professor. Tal constatação nos faz supor haver uma distância entre interlocutores presumidos, o que deve impedir o uso do material como documento de trabalho.

Biografia do Autor

Cristina Pimentel, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
É mestre em Lingüística, pela UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Carioca, 48 anos, 20 anos de magistério, reside em Armação dos Búzios, RJ, há sete anos, e é professora de Língua Portuguesa da rede pública do mesmo município. Atualmente, é Presidente da ASFAB - Associação dos Servidores Públicos de Armação dos Búzios. Em 21 de março deste ano, recebeu o título de Mestre, com o trabalho “A encenação da compreensão nos PCN Fáceis de Entender”. A dissertação discute, à luz do referencial teórico da Análise do Discurso, de base enunciativa, a construção de uma verdade a respeito do professor, em que a qualificação do magistério circula como o principal problema do sistema educativo e vem sendo tratado de forma desvinculada de outros fatores, como salários, contratos de trabalho, equipamentos, situação física das redes municipais e estaduais, quantidade de alunos em sala, entre outros fatores.
Vera Lúcia de A. Sant'anna, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
É professora em dedicação exclusiva (bolsa Prociência UERJ-Faperj) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, desde 1981, atuando no Programa de Pós-graduação em Letras, área de Lingüística – linha de pesquisa Práticas de linguagem e discursividade –, na Graduação e na Especialização. Desenvolveu pesquisa de pós-doutoramento junto à Universitè Paris VII (2005) e, no momento, dá continuidade à sua pesquisa pós-doutoral, com bolsa concedida pelo CNPq, no LAEL-PUC/SP. Integra grupo de pesquisa que se dedica aos estudos enunciativo-discursivos, em particular voltados para articulações entre linguagem e trabalho. Desenvolve, atualmente, a pesquisa “Práticas de linguagem e escritos do trabalho: a prescrição da atividade de trabalho do professor”.
Publicado
2019-03-15
Como Citar
Pimentel, C., & Lúcia de A. Sant’anna, V. (2019). Das dúvidas da interlocução: a quem se dirige um plano político pedagógico?. Revista Linguagem & Ensino, 9(2), 79-99. https://doi.org/10.15210/rle.v9i2.15640