Português como língua de acolhimento (PLAc)

Transformando não-lugares em lugares no contexto das migrações das forçadas

Palavras-chave: PLAc, Língua de Acolhimento, Não-lugar

Resumo

Este artigo faz uma ligação entre a Linguística Aplicada e a Antropologia ao refletir sobre a experiência de assentamento no país de acolhimento como um trânsito do não-lugar ao lugar no contexto da Supermodernidade conforme elaborado pelo Antropólogo Marc Augé (1995). Partindo de uma reflexão teórico-conceitual, o artigo ilustra o conceito de não-lugar com uma experiência prática, argumentando que a migração causa o esvaziamento da individualidade do sujeito e a ansiedade da ausência de hipóteses de passado e futuro. Sem a conexão relacional e identitária com o país de assentamento – processo intensificado pela ausência da língua local – os migrantes continuam a vivenciar seu novo mundo como um não-lugar. Assim, partindo de uma revisão bibliográfica, o ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc) no Brasil é entendido como uma ponte entre não-lugar e lugar, atuando como instrumento catalizador do processo de ressignificação do novo espaço habitado pelos migrantes.

Biografia do Autor

Luiza Silva de Andrade, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Mestre em Antropologia Social e Cultural pela Vrije Universiteit Amsterdam, Especialista em Estudos Linguísticos pelo departamento de Pós Graduação CEI/ELI da Faculdade Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e bacharel em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atua como professora de línguas e pesquisadora independente na LSA Editing, onde participou do Projeto MPE (Diagnóstico da Mineração em Pequena Escala no Brasil), para o Ministério de Minas e Energia. Interessada em temáticas como Línguas, Migração, Variações Culturais, Comunicação Social, Relações Midiáticas, Direitos Humanos, Sustentabilidade, Mineração.

Referências

Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Brasil torna-se o país com maior número de refugiados na América Latina. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/2020/01/31/brasil-torna-se-o-pais-com-maior-numero-de-refugiados-venezuelanos-reconhecidos-na-america-latina/. Acesso em: 27 jul. 2020.

ANDRADE, Luiza Silva de. Stuck in a Non-place: Haitian migrants’ temporary settlement in Brazil and perceptions of time. 2013. 66 f. Dissertação (Mestrado em Social and Cultural Anthropology) – Sociale Wettenschappen Afdeling, Vrije Universiteit Amsterdam, Amsterdã, 2013.

AUGÉ, Marc. Não-Lugares: Introdução a uma antropologia da Supermodernidade. (1992) Tradução: Maria Lúcia Pereira. Campinas: Editora Papirus, 2018.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2001.

CAMPANO, Gerald. Immigrant Students and Literacy: Reading, Writing and Remembering. Nova York: Teachers College Press, 2007.

Instituto de Políticas Públicas en Derechos Humanos del Mercosur. Diagnóstico regional sobre migração haitiana instituto de políticas públicas en derechos humanos del mercosur. Disponível em: https://www.ippdh.mercosur.int/pt-br/publicaciones/diagnostico-regional-sobre-migracao-haitiana/. Acesso em: 29 jul. 2020.

MIRANDA, Yara Carolina Campos de; LÓPEZ, Ana Paula de Araújo. Considerações sobre a formação de professores no contexto de ensino de português como língua de acolhimento. In: Ferreira et al. (org.). Língua de Acolhimento: experiências no Brasil e no mundo. Belo Horizonte: Mosaico, 2019. p. 17-40.

OLIVEIRA, Desirée de Almeida. A preparação de imigrantes haitianos para a produção da redação do ENEM. 2019. 293 f. Dissertação (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2019.

OLIVEIRA, Desirée de Almeida. A preparação de imigrantes haitianos para a produção da redação do ENEM. In: Ferreira et al. (org.). Língua de Acolhimento: experiências no Brasil e no mundo. Belo Horizonte: Mosaico, 2019. p. 63-82.

PAPADOPOULOU, Maria; TSIOLI, Sofia; ANDROULAKIS, George. A cocriação de espaços seguros e coloridos através do aprendizado informal para crianças refugiadas. In: Ferreira et al. (org.). Língua de Acolhimento: experiências no Brasil e no mundo. Belo Horizonte: Mosaico, 2019. p. 207-230.

RUANO, Bruna Pupatto; CURSINO, Carla. Multiletramentos e o Second Space no Ensino-aprendizagem de PLAc: da teoria à prática. In: Ferreira et al. (org.). Língua de Acolhimento: experiências no Brasil e no mundo. Belo Horizonte: Mosaico, 2019. p. 41-62.

SOARES, Laura; TIRLONI, Larissa Paula. Literatura em projeto de ensino de Português como língua de acolhimento para imigrantes haitianos. In: Ferreira et al. (org.). Língua de Acolhimento: experiências no Brasil e no mundo. Belo Horizonte: Mosaico, 2019. p. 83-102.

STAUDT, Taíse. Sou Diáspora: identidade e mobilidade nas memórias de haitianos no Brasil. 2018. 141 f. Monografia (Graduação em História). Universidade Federal da Fronteira Sul. Chapecó, 2018. https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1475

Publicado
2021-03-29
Como Citar
Silva de Andrade, L. (2021). Português como língua de acolhimento (PLAc): Transformando não-lugares em lugares no contexto das migrações das forçadas. Revista Linguagem & Ensino, 24(2), 197-206. https://doi.org/10.15210/rle.v24i2.19309