Português como língua de acolhimento (PLAc)

Transformando não-lugares em lugares no contexto das migrações das forçadas

Palavras-chave: PLAc, Língua de Acolhimento, Não-lugar

Resumo

Este artigo faz uma ligação entre a Linguística Aplicada e a Antropologia ao refletir sobre a experiência de assentamento no país de acolhimento como um trânsito do não-lugar ao lugar no contexto da Supermodernidade conforme elaborado pelo Antropólogo Marc Augé (1995). Partindo de uma reflexão teórico-conceitual, o artigo ilustra o conceito de não-lugar com uma experiência prática, argumentando que a migração causa o esvaziamento da individualidade do sujeito e a ansiedade da ausência de hipóteses de passado e futuro. Sem a conexão relacional e identitária com o país de assentamento – processo intensificado pela ausência da língua local – os migrantes continuam a vivenciar seu novo mundo como um não-lugar. Assim, partindo de uma revisão bibliográfica, o ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc) no Brasil é entendido como uma ponte entre não-lugar e lugar, atuando como instrumento catalizador do processo de ressignificação do novo espaço habitado pelos migrantes.

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Biografia do Autor

Luiza Silva de Andrade, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Mestre em Antropologia Social e Cultural pela Vrije Universiteit Amsterdam, Especialista em Estudos Linguísticos pelo departamento de Pós Graduação CEI/ELI da Faculdade Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e bacharel em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atua como professora de línguas e pesquisadora independente na LSA Editing, onde participou do Projeto MPE (Diagnóstico da Mineração em Pequena Escala no Brasil), para o Ministério de Minas e Energia. Interessada em temáticas como Línguas, Migração, Variações Culturais, Comunicação Social, Relações Midiáticas, Direitos Humanos, Sustentabilidade, Mineração.

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Publicado
2021-03-29
Como Citar
Silva de Andrade, L. (2021). Português como língua de acolhimento (PLAc): Transformando não-lugares em lugares no contexto das migrações das forçadas. Revista Linguagem & Ensino, 24(2), 197-206. https://doi.org/10.15210/rle.v24i2.19309