Políticas linguísticas na área indígena dos karipuna do Amapá

O caso do Kheuól

  • Romário Duarte Sanches Universidade do Estado do Amapá - UEAP
  • Kelly Cristina Nascimento Day Universidade do Estado do Amapá - UEAP
Palavras-chave: Política linguística, Kínguas minoritárias, Língua kheuól

Resumo

Este artigo apresenta as políticas linguísticas in vitro e in vivo nas aldeias indígenas da etnia Karipuna do Amapá, localizadas na região fronteiriça entre Brasil e Guiana francesa. Como referencial teórico, adotam-se conceitos e questões amplamente discutidos por Haugen (1972), Rousseau (2005), Calvet (1996), Shohamy (2006), Spolky (2004), Robillard (1997), entre outros, relacionadas ao campo de políticas linguísticas, com destaque para aquelas destinadas às populações indígenas brasileiras. Os resultados apresentados provêm da análise de dados quantitativos e qualitativos coletados por meio de questionário sociolinguístico aplicado a 36 indígenas bilíngues (falantes de português e kheuól) da etnia Karipuna do Amapá. A partir desses dados foi possível observar quais políticas são reivindicadas ao poder público e quais estão sendo implementadas pela comunidade em prol da manutenção do kheuól nas comunidades Karipuna.

Biografia do Autor

Romário Duarte Sanches, Universidade do Estado do Amapá - UEAP
Doutorado em Letras (Linguística) pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Professor da Universidade do Estado do Pará (UEAP).
Kelly Cristina Nascimento Day, Universidade do Estado do Amapá - UEAP
Doutorado em Estudos da Linguagem (UFF), Professor adjunto da Universidade do Estado do Amapá (UEAP). 

Referências

ALBUQUERQUE, F. E. Contato dos Apinayé de Riachinho e Bonito com o português: aspectos da situação sociolingüística. 132 f. Dissertação (Mestrado em Letras e Lingüística). Faculdade de Letras, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 1999.

BRAGGIO, S. O papel da pesquisa sociolingüística em projetos de educação, vitalização de língua e cultura: relatos sociolingüísticos iniciais dos Avá-Canoeiro de Minaçu. LIAMES, Campinas, v. 3, n. 1, p. 113-133, 2003. https://doi.org/10.20396/liames.v3i1.1416

BRAGGIO, S. Políticas e direitos linguísticos dos povos indígenas brasileiros. Signótica, v. 14, n.1, p. 129-146, 2002.

BRAGGIO, S. A variedade étnica Português Xerente Akwe: subsídios para a educação escolar indígena. PAPIA, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 121-140, 2015.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988, 292 p.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996). Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Centro Gráfico, Senado Federal, 2005, 64p.

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Censo de 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_gerais_indigenas/default_caracteristicas_gerais_indigenas.shtm. Acesso em: 22 mar. 2015.

BRASIL. Lei 6001, de 19 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o Estatuto do Índio. Brasília, 975. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6001.htm. Acesso em 21 de janeiro de 2020.

BRASIL. Guia de pesquisa e documentação para o INDL. IPHAN: Brasília, 2014.

BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para as escolas indígenas. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.

CALVET L.-J. Les politiques linguistiques. Paris: PUF, 1996.

CALVET, L.-J. As políticas linguísticas. Tradução Isabel Duarte, Jonas Tenfen, Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial, Ipol, 2007.

CALVET, L.-J. Cle marché aux langues. Les effets linguistiques de la mondialisation. Paris: Plon. 2002.

COOPER, R. L. Language Planning and Social Change. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.

CORBEIL, J. C. Concurrence linguistique et promotion des langues. Congrès mondial sur les politiques linguistiques, 2002. Disponível em : http://www.linguapax.org/congres/taller/taller1/Corbeil.html Acesso em: 31 de janeiro de 2012.

COUDREAU, H. Chez nos indiens: quatre annés dans la Guyane Française (1887-1891). Paris, Librairie Hachette et Cie, 1893.

CREVAUX, J. Voyages dans L’Amérique du Sud. Paris: Librairie Hachette et Cie, 1883.

CRUZ, D. T. O ensino de língua estrangeira como meio de transformação social. In: MOTA, K.; SCHEYERL, D. (Orgs.). Espaços Linguísticos: resistências e expansões. Salvador: EDUFBA, 2006. p. 25-56.

D’AVITY, P. Description generale de L’Amerique troisesme partie du monde avec tovs ses empires, royavmes estats et republiques. Paris: Laurent Cottereav, 1643.

DAY, K. C. N. Políticas Linguísticas Educativas em conflito no Amapá: Impactos e contradições da LDB 9394/96 e da Lei 11.161/2005. 198f. Tese (Doutorado). Universidade Federal Fluminense. Rio de Janeiro, 2016.

FISHMAN, J. Maintaining Languages: what works? What doesn’t? In: CANTONI, G. (Org.) Stabilizing Indigenous Language. Northern Arizona University Center for Excellence in Education Monograph Series, 1996. Disponível em: http://www.ncela.gwu.edu/pubs/stabilize/conclusion.htm. Acesso em: 22/11/ 2005.

FISHMAN, J. Reversing language shift: theoretical and empirical foundations of assistance to threatened languages. Bristol, PA: Multilingual Matters, 1991.

GROSJEAN, F. Life with Two Languages: An Introduction to Bilingualism. Cambrigde, MA: Harvard University Press, 1982.

GUIMARÃES, S. M. G. A aquisição da escrita e diversidade cultural a prática dos professores xerente. Brasília: FUNAI/DEDOC, 2002.

GUIMARÃES, S. M. G. Ciências Sociais no Projeto 3º Grau Indígena: focos principais Cadernos da Educação Escolar Indígena - 3º Grau indígena. Barra do Bugres: Unemat, v. 1, n. 1, p. 25-33, 2002.

HAMEL, E. Language discourse and cultural models - three levels of language shift and maintenance. In: HERNANDEZ-CHAVES, E. The Journal of the Linguistic Association of the Southwest. Vol. 15, Guest Editor, University of the New Mexico, 1996. p. 63-88.

HAMEL, E. La política del lenguaje y el conflicto interétnico. Problemas de investigación sociolingüística. In: ORLANDI, E. P. (org.). Política linguística na América Latina. Campinas: Pontes, 1988. p. 41-74.

HAUGEN, E. The Ecology of language. Standford: Standford University press, 1972.

HURAULT, J.-M. Français et indiens em Guyane, 1604-1972. Paris: Union Générale d’Editions, 1972.

IPOL. Lista de línguas cooficiais em municípios brasileiros. Disponível em: http://ipol.org.br/lista-de-linguas-cooficiais-em-municipios-brasileiros/. Acesso em: 16 de abril de 2020.

KLOSS, H. Research Possibilities on Group Bilingualism. Quebec: International Center for Research on Bilingualism, 1969.

LAPORTE, P-E. Les mots clés du discours politique en aménagement linguistique au Québec et au Canada. In: TRUCHOT Claude et al., Le plurilinguisme européen, Théories et pratiques en politiques linguistiques. Paris: Éditions Champion, 1994, p. 97-107.

MOCQUET, J. Voyages em Afrique, Asie, Indies orientales e occidentales. Paris: Jean de Hierquevieu, 1617.

NIMUENDAJU, C. Os índios Palikur e seus vizinhos. Göteborg: Elanders boktr, 1926.

ROBILLARD, D. Statut In: MOREAU, Marie-Louise (org.), Sociolinguistique, concepts de base. Paris: Margada, 1997. p. 269-270.

RODRIGUES, A. As Línguas Indígenas e a Constituinte. In: ORLANDI, E. P. (Org.). Política Linguística na América Latina. Campinas, Pontes, 1988. p. 105-109.

ROMAINE, S. The impact of language policy on endangered languages. International Journal on Multicultural Societies, v. 4, nº 2. UNESCO, 2002, p. 194-212. Disponível em www.unesco.org/shs/ijms/vol4/issue2/art3.

ROUSSEAU, L.-J. Élaboration et mise en oeuvre des politiques linguistiques. Cahiers du Rifal, Bruxelles, n. 26, p. 58-71, 2005.

SANCHES, R. D. Bilinguismo entre os Karipuna do Amapá numa perspectiva geolinguística. In: OLIVEIRA, E. dos S.; VASCONCELOS, E. A.; SANCHES, R. D. (Orgs.). Estudos Linguísticos na Amazônia. Campinas, SP: Pontes Editores, 2019. p. 37-61.

SANCHES, R. D. Microatlas linguístico (português-kheuól) da área indígena dos Karipuna do Amapá. 247 f. Tese (Doutorado). Belém-PA: Universidade Federal do Pará (Programa de Pós-Graduação em Letras), 2020.

SAVEDRA, M.M; LAGARES, X. Política e planificação linguística: Conceitos, terminologias e intervenções no Brasil. Revista Gragoatá, Niterói: EdUFF, n. 32, p. 11-27, 2012.

SHOHAMY, E. Language policy: hidden agendas and new approaches. London: Routledge, 2006. https://doi.org/10.4324/9780203387962

SPOLKY, B. Language Policy. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.

TASSINARI, A. M. I. No Bom da Festa: o processo de construção cultural das famílias Karipuna do Amapá. São Paulo: EDUSP, 2003.

Publicado
2020-11-06
Como Citar
Duarte Sanches, R., & Cristina Nascimento Day, K. (2020). Políticas linguísticas na área indígena dos karipuna do Amapá: O caso do Kheuól. Revista Linguagem & Ensino, 23(4), 1317-1339. https://doi.org/10.15210/rle.v23i4.18513