v. 28 n. 1 (2022): A História Através das Mídias
A presente edição da História em revista tem como objetivo principal refletir e analisar questões relacionados ao mundo das mídias - filmes, HQs, séries, games, entre outros. Nesse sentido, mesmo que o leitor não concorde completamente com as análises apresentadas pelos colaboradores, uma coisa é certa, as fontes selecionadas são deveras interessantes.
Os historiadores e demais intelectuais que se debruçam na tarefa de analisar as narrativas que compõem o mundo das mídias e sua relação com o seus respectivos contextos possuem uma tarefa laboriosa. Afinal de contas, a quantidade de narrativas que se proliferam é imensa. Já notaram no número de filmes de super-heróis que entraram em cartaz nos cinemas do mundo inteiro na última década? Nesse sentido, as reflexões selecionadas para o presente dossiê se fazem necessárias. Ademais, Douglas Kellner, importante teórico americano, em seus estudos a respeito da cultura da mídia, nos revela que os meios midiáticos compõem um importante campo de disputa de poder em que podemos observar grupo sociais e ideologias políticas lutando pela hegemonia do discurso.
Ao todo, selecionamos 8 artigos. Eles abrangem um leque variado de temas: de Thor, o Deus do trovão da Marvel, à repressão policial durante o Governo Vargas. Essa diversidade de temas é característica do universo das análises midiáticas.
O artigo intitulado “Trauma e testemunho em Grama, de Keum Suk Gendry-Kim: quadrinhos sobre as mulheres de conforto”, de Daniel Soares Duarte e Leticia Chrisostomo Bortt Moreira analisa a história em quadrinhos sul-coreana Grama, de Keum Suk Gendry-kim, publicada no Brasil em 2020. A narrativa expõe o relato de uma “mulher de conforto”, expressão utilizada para designar as jovens coreanas, chinesas e japonesas que foram capturadas pelo exército japonês para servir como escravas sexuais aos soldados desse império, da Segunda Guerra sino-japonesa até os anos da 2ª Grande Guerra.
Em “Thor, quadrinhos e o ensino da beleza e a justiça de Platão”, Renis Ramos Silva e Gelson Weschenfelder buscam aproximar o universo ficcional do deus do trovão com abordagens de ensino e aprendizagem. Para isso, realizaram reflexões sobre o belo e a justiça tendo como base o pensamento de Platão.
No artigo “SHAZAM: O Paradoxo da Juventude”, Diego das Neves Ribeiro e Elbert de Oliveira Agostinho propõem uma reflexão sobre as possíveis projeções desenvolvidas pelas histórias de SHAZAM e suas experiências enquanto um jovem no corpo de um super-herói adulto possuí anseios e frustrações da juventude.
Carine Medineira Buss Flores, Erica Kirchhof Dias e Fernando Souto Dias Neto escreveram o texto “Quando os subalternizados tomam as cenas: o cinema como ferramenta pedagógica”, em que abordam o cinema como produto cultural voltado à educação. Um dos seus objetivos principais é promover a desubalternização da cultura de matriz africana.
A autora Tamires Ferreira Soares, no artigo “Os Astros da 5° Coluna”: Repressão Policial no Rio Grande do Sul durante o governo de Getúlio Vargas (1930-1945)”, analisa através da Revista Vida Policial casos de professores que foram vigiados, perseguidos e cassados por subverterem as leis de nacionalização implantadas por Getúlio Vargas durante o Estado Novo.
Já Rodrigo Aparecido de Araújo Pedroso e Rodrigo Cardoso Polatto, no seu artigo que tem como título “O horror “socialmente relevante” da EC Comics: uma análise da história em quadrinhos “The Patriots” de 1952”, analisa a HQs “The Patriots”, publicada em 1952. Em sua análise o foco está na crítica social explícita à política da Guerra Fria. Abordando temas como anticomunismo e macarthismo.
No artigo “Guerra e sexo em Lost Girls, de Alan Moore e Melinda Gebbie”, Márcio dos Santos Rodrigues e Suellen Cordovil da Silva discutem uma interessante relação entre erotismo, pornografia e a memória histórica da Primeira Guerra Mundial a partir de Lost Girls, de Alan Moore e Melinda Gebbie. O foco principal do artigo é analisar como a obra estabelece uma crítica às guerras, ao colocar em evidência elementos e representações do período.
Por fim, temos o artigo de Felipe Radünz Krüger, Mario Marcello Neto e Artur Rodrigo Itaqui Lopes Filho, intitulado “Destruição criativa na capital inglesa: O caso V for Vendetta”. Este artigo visa analisar a relação entre destruiução e resistência através da interpretação e análise da graphic novel V for Vendetta dos britânicos Alan Moore e David Lloyd.
Uma vez apresentados os artigos que fazem parte deste dossiê, desejamos a todas e a todos uma boa leitura!
Artur Rodrigo Itaqui Lopes Filho | Felipe Radünz Krüger | Mario Marcello Neto
Editores do Dossiê
Dezembro de 2022.
Publicado:
2023-01-21